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Ela está entre nós e  de forma cotidiana

Ela está entre nós e de forma cotidiana

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A DB1 desenvolveu o Gregor Tech, que faz controle de acesso por meio da inteligência artificial e emite alerta quando identifica pessoas não cadastradas, conta o diretor Rogério Souza
Se há alguns anos falar em Inteligência Artificial (IA) significava pensar em robôs que tomam os lugares dos humanos, hoje lidamos com ela em chats de empresas, aplicativos de celular e, claro, o famoso Chat GPT acessado livremente por qualquer pessoa com acesso à internet.

O fato é que a IA chegou para ficar e em muitas empresas tem sido a solução de problemas. É o caso da DB1, empresa maringaense de tecnologia, que criou um sistema para acesso a prédios que elimina catracas e aumenta a segurança dos espaços. O sistema ganhou o nome de Gregor Tech e surgiu da necessidade da própria empresa de acessar à sede. “Sempre falávamos da vontade de eliminar a catraca da entrada da empresa. Era um sistema que dava problema e decidimos procurar algo que identificasse as pessoas a certa distância e apontasse quem não poderia ter acesso. Não encontramos nada parecido e começamos a desenvolver o nosso próprio produto”, relata o diretor de Inovação, Rogério Gonçalves de Souza.

Gregor precisou de mais de um ano para ser concluído. Funciona como barreira virtual que identifica várias pessoas ao mesmo tempo que aponta quem não tem cadastro e, portanto, não tem autorização de acesso. Quando alguém indevido é localizado, o sistema emite alerta sonoro e um atendente procura a pessoa não identificada para regularizar a situação.

“Antes era precisavo encarar filas para fazer um cadastro para um reconhecimento facial lento e falho. A experiência era horrível e não impedia que pessoas indevidas tivessem acesso ao prédio ao entrar de ‘carona’ com quem tinha acesso. Nossa ideia deu certo e agora estamos no primeiro prédio com reconhecimento de face fluida”, comemora.

Além das entradas da DB1, o Gregor está substituindo o acesso ao centro empresarial Le Monde, onde fica a sede da empresa, e na segunda Igreja Presbiteriana Independente de Maringá. Na comunidade religiosa, Gregor funciona também com função de cuidado com os cerca de 1,2 mil membros, em que é possível saber quem vem pela primeira vez ou tem deixado de participar dos cultos.

Souza destaca que o sistema também identifica pessoas em atitude suspeita e melhora a experiência dos visitantes, pois o cadastro é rápido. “Acreditamos que o Gregor é uma opção para empresas com muitos colaboradores, indústrias, condomínios empresariais, colégios etc. A solução é uma grande contribuição da inteligência artificial aos negócios”, conclui.

Acessível a todos


Ricardo Matiello, especialista: “a tecnologia entrega a análise de dados e o feeling humano usa isso para tomar a decisão”

“A IA é acessível a qualquer pessoa, permitindo o acesso a qualquer conhecimento do mundo. Na minha visão, é um meio e não um fim”. A opinião é do empresário, palestrante, conselheiro de empresas e especialista em inteligência artificial, Ricardo Matiello.

Ele não acredita na substituição das pessoas pela ferramenta. Basta olhar para a história para perceber como a tecnologia muda processos e como as pessoas continuam sendo essenciais. “Qualquer tecnologia precisa ser treinada por um humano para funcionar. Quem usa o Chat GPT sabe que apesar de útil, tem limitações. Também há discussões, inclusive no âmbito jurídico, para evitar que a IA cause problemas sociais. O que recomendo é que cada profissional faça uma autoavaliação: posso ser substituído por uma tecnologia? Se a resposta foi positiva, está na hora de buscar treinamento e capacitação”, defende.

Para o especialista, a IA será essencial como ferramenta para a tomada de decisões. “A capacidade cognitiva para processar dados é infinitamente maior que a do ser humano. A tecnologia entrega a análise de dados e o feeling humano usa isso para tomar a decisão”, aponta.

Ajuda na seleção 


Evoa usa IA para selecionar projetos que farão parte do programa de aceleração, com redução de tempo e de custos, diz Matheus Lisboa Cesco 

Na Evoa, duas vezes por ano é feita a seleção de empresas que serão acompanhadas pelo programa de aceleração de startups. São pelo menos 50 inscritos em cada edição que enviam um grande volume de dados para análise. 

O gerente-executivo Matheus Lisboa Cesco explica que a seleção dos projetos exige que cada candidato grave vídeo respondendo a questões específicas, além do preenchimento de formulário que leva cerca de 40 minutos para ser respondido. 

Para aprimorar o processo seletivo com IA, ele explica: “criamos uma base de conhecimento com critérios de avaliação que respeita as premissas da aceleradora. A IA ao ser abastecida, recebe os dados enviados pelos candidatos, avalia e coloca em um ranking. Isso ajuda na velocidade de avaliação e no fornecimento de feedback adequado”.

O uso da inteligência artificial na seleção diminuiu os custos e o tempo gasto no processo. Antes eram necessárias duas longas reuniões com cada um dos diretores de startups e um custo alto para aqueles que vinham de longe. “Com a estreia da ferramenta, neste segundo semestre, fiz uma contraprova avaliando pessoalmente cada inscrito. Minha surpresa positiva foi que a IA apontou exatamente as empresas que eu teria escolhido. Claro que como se trata de um processo seletivo, ainda há dúvida por causa da exclusão do feeling humano, mas vamos avaliar no processo, até porque qualquer pessoa pode tomar uma decisão errada”, reitera.

Tecnologia no dia a dia


Evoa usa IA para selecionar projetos que farão parte do programa de aceleração, com redução de tempo e de custos, diz Matheus Lisboa Cesco 

O consultor especialista em IA e instrutor da Acim, Renan Araújo Azevedo, traz exemplos de como a realidade é transpassada pela tecnologia inteligente. “Os usos mais simples estão atrelados aos assistentes virtuais como Alexa, presentes nas casas também. Mas aplicativos como Waze e Google Maps usam a IA para analisar o tráfego em tempo real e indicar os melhores caminhos. O Uber usa para coordenar a busca e entrega de passageiros. Os streamings de conteúdo usam os algoritmos para sugestões personalizadas”, detalha.

Nas empresas, Azevedo aponta que a IA pode ser útil em situações básicas e complexas. Em um treinamento aplicado por ele recentemente, a demanda era viabilizar o uso da tecnologia para a criação e formatação de apresentações de slides. Os participantes conheceram as ferramentas disponíveis desde a busca por conteúdo e suas fontes quanto para a formatação. “Todos conseguiram fazer uma apresentação de alto valor, com informações riquíssimas, fontes verdadeiras e temas complexos, com texto não tão genérico, utilizando ferramentas gratuitas e em pouco tempo. Acredito que com uso consciente, é possível que essas ferramentas agilizem o dia a dia de trabalho”, afirma.

Entre tantos usos da inteligência artificial pelas empresas, o instrutor destaca o reconhecimento facial que auxilia na segurança; o controle de estoque principalmente de grandes lojas, com sistemas que registram em tempo real a entrada e saída de produtos; a segurança digital para prevenção de fraudes e proteção de dados bancários; a publicidade digital, com algoritmos que identificam com precisão o comportamento online dos clientes para oferecer anúncios pontuais e na medicina, em que a robótica está sendo empregada para cirurgias precisas, diagnósticos mais rápidos e prevenção de doenças com antecedência de anos. 

Sobre os avanços da tecnologia, o consultor é otimista. “Procuro acalmar as pessoas. A inteligência artificial é uma ferramenta e precisa ser dominada para ser efetiva. Também tem capacidade gigante para as entregas técnicas, mas nunca será capaz de matar as relações humanas, que precisam de confiança e entrega. Algumas profissões correm risco, mas outras surgirão”, ressalta.