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O que querem os consumidores de alta renda

O que querem os consumidores de alta renda

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Danieli Corona, da Sierra cujo tíquete médio é de R$ 70 mil; clientes valorizam design, conforto e durabilidade
O mercado de luxo movimentou R$ 74 bilhões em 2022 no Brasil e deve crescer até 8% ao ano até 2030, podendo atingir R$ 133 bilhões de faturamento, revela pesquisa da Bain & Company. Com a 54ª maior economia do país e segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita entre as grandes cidades do Paraná, de R$ 46,5 mil, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021, Maringá concentra população disposta a investir em sofisticação. 

A Sierra é um exemplo de que os consumidores locais absorvem a proposta do luxo no setor mobiliário. Danieli Corona, proprietária das franquias da marca em Maringá e Londrina, diz que desde a abertura na cidade, há 16 anos, a loja atrai público exigente ao oferecer móveis que combinam design, conforto e durabilidade. Sob o comando de Danieli há três anos, o faturamento da unidade maringaense cresce, em média, 30% ao ano. 

Lá o tíquete médio por cliente é de R$ 70 mil. “Alto luxo não se refere ao preço do produto, mas à exclusividade, composição com as melhores matérias-primas e a melhor prática construtiva”, afirma.

O atendimento conta com equipe formada por profissionais do ramo de arquitetura e design, que muitas vezes orientam os clientes para escolhas mais adequadas do que as inicialmente desejadas. Esse modelo de atendimento consultivo é essencial, considerando que 99% das vendas na loja são realizadas de forma presencial. “Nosso público gosta de tocar e sentir os produtos antes de escolher, e isso faz com que o atendimento presencial seja fundamental no processo”, destaca.

Imóveis


Leonardo Fabian, da Plaenge: “especialmente em Maringá existe uma demanda por imóveis de alto padrão promissor”

A Plaenge busca distanciar-se da ostentação que pode estar associada ao luxo. Segundo o gerente regional, Leonardo Fabian, o foco está em produtos que aliam qualidade acima da média, funcionalidade e design. “Nosso cliente ideal é financeiramente estabelecido e busca um imóvel que atende às necessidades práticas e estéticas, com ênfase em qualidade. Esse público, muitas vezes, não se interessa por extravagância, mas valoriza personalização e exclusividade”, explica.

Com dois empreendimentos de alto padrão em fase de entrega em Maringá, a Plaenge tem observado crescente demanda por projetos assinados por profissionais renomados. É uma das razões pelas quais lançou o Plaenge Design by Pininfarina, empreendimento com a colaboração do estúdio italiano responsável por projetos da Ferrari. Com uma unidade de 375 metros quadrados por andar, o residencial incorpora a expertise do estúdio em criar formas aerodinâmicas e elegantes, com áreas comuns amplas e planejadas, além de tecnologias que promovem conforto e bem-estar. Outro lançamento previsto para 2024, o Paseo Ingá, também contará com a parceria de um estúdio internacional, o LW, sediado em Dubai. 

O investimento em inovação e tecnologia tem sido um dos pilares da empresa, que utiliza a metodologia da Porsche Consulting para otimização de processos e adota o sistema BIM (Building Information Modeling) na concepção dos projetos para melhorar a eficiência e a execução das obras. A sustentabilidade é outra prioridade, com soluções em economia de energia e reutilização de água desde o início das operações, o que tem ganhado importância entre os consumidores de alta renda.

Em relação à personalização, há o programa “Plaenge Personalize”, que permite escolher entre diferentes acabamentos para pisos, bancadas, metais e outros itens. Há atenção também o pós-venda, com equipe composta principalmente por arquitetos que acompanham o cliente desde o primeiro contato até a personalização do imóvel.

Para os próximos anos, a Plaenge projeta crescimento do mercado de luxo tanto nas capitais quanto no interior. “Especialmente em Maringá existe uma demanda por imóveis de alto padrão promissor. A conectividade e o uso de tecnologias, como aplicativos e canais digitais de atendimento, são vistos como fatores-chaves para o futuro desse mercado.”

Autos 


Luiz Alberto Pandini, da Stuttgart, que vai abrir pop-up da Porsche e depois loja com showroom, oficina, seminovos e boutique com acessórios 

Ao identificar mercados com alto potencial de consumo e demanda crescente por veículos da Porsche, a Stuttgart Porsche, maior rede de concessionárias da marca no Brasil, abrirá uma loja em Maringá e outra Blumenau/SC em sua estratégia de expansão. 

Segundo Luiz Alberto Pandini, porta-voz da Stuttgart, uma loja pop-up está prestes a abrir no shopping Catuaí, onde funcionará como vitrine, permitindo que os clientes conheçam os modelos e tenham o primeiro contato com a marca. No futuro, o plano é inaugurar uma loja que contará com showroom, oficina, espaço para seminovos e uma boutique com acessórios e itens de lifestyle da Porsche.

O perfil dos clientes da Porsche tem se diversificado. Até 2002 a marca era predominantemente associada a carros esportivos, com um público masculino na faixa dos 40 anos ou mais. Entretanto, com a introdução de modelos como o Cayenne, o Panamera, o Macan e o Taycan, o público se expandiu, incluindo mais mulheres e pessoas que buscam veículos de luxo para o dia a dia e viagens em família.

Pandini destaca que a Porsche sempre teve forte ligação com o mundo dos esportes a motor, o que contribui para a fidelização de clientes. “Muitos compradores são apaixonados pela história da marca e por sua reputação em competições, como as lendárias 24 Horas de Le Mans e o Campeonato Mundial de Endurance”, frisa. 

Além disso, a durabilidade, a tecnologia avançada e o acabamento dos veículos são atributos que os clientes valorizam, além do vínculo próximo que estabelecem com vendedores devido ao atendimento, que inclui instruções detalhadas de uso do carro no momento da entrega, reforçando a experiência premium.

Gastronomia


“As pessoas têm aprendido a valorizar a comida bem executada e têm optado por gastar mais em entretenimento e experiências”, diz Thiago Abrão, sócio do Habanero

No setor gastronômico, o Habanero Restaurante, sob a gestão de Thiago Abrão e sócios, é um exemplo da demanda local por sofisticação. O estabelecimento se posiciona como segmento de luxo devido à infraestrutura, incluindo mobiliário, louças e talheres de alta qualidade e taças premiadas internacionalmente. Recentemente, foi reconhecido como um dos melhores restaurantes do Paraná pelo Prêmio Bom Gourmet, em parceria com o Viaje Paraná, ficando em quarto lugar. “Todo o cuidado, desde os detalhes da experiência do cliente à seleção dos produtos, nos coloca nesse cenário”, afirma Abrão.

O público é formado, em grande parte, por consumidores de faixas de renda A e B, com tíquete médio por pessoa de R$ 150. Além dos frequentadores semanais, boa parte do público é corporativo e se encontra no local para reuniões e eventos de negócios. O restaurante também é escolha para celebrações como casamentos, festas de aniversário e pedidos de noivado. 

A trajetória do Habanero é marcada por uma adaptação ao mercado de luxo. Originalmente um restaurante mexicano, a casa foi ajustando o cardápio, incorporando influências da cozinha italiana e mediterrânea até se firmar como um restaurante internacional. O empresário destaca que o restaurante passou por reformulações que ampliaram e sofisticaram o ambiente, refletindo o nível de qualidade dos pratos servidos. “As pessoas têm aprendido a valorizar a comida bem executada e têm optado por gastar mais em entretenimento e experiências satisfatórias, além de operações ambientalmente responsáveis, uma preocupação nossa também”, afirma. No entanto, ele aponta a escassez de mão de obra qualificada como o maior desafio para o setor.

O grupo que o Habanero integra possui outras marcas focadas em clientela de alta renda. O Mannaia Bakery é um sucesso recente, sendo que em poucas semanas de operação obteve feedback positivo e alta exposição orgânica nas redes sociais. “O fluxo é constante, inclusive em dias normalmente calmos, como segunda e terça-feira. Além do sucesso da padaria, a introdução do sorvete libanês Bachir foi um acerto, gerando demanda e motivando a antecipação do projeto de uma loja exclusiva para essa linha de produtos”, revela.