Ariovaldo Costa Paulo, da Arilu: “nosso trabalho comercial, modelo de remuneração e benefícios estão sendo replicados pela empresa que passou a ser nossa maior acionista”
Entre as paradas para a manutenção da Kombi, Ariovaldo e o pai viajavam distribuindo produtos para restaurantes e lanchonetes, que passaram a demandar outros itens. A oportunidade de crescimento deu origem à Arilu Distribuidora em 1986, negócio que emprega hoje 527 pessoas.
Ariovaldo adquiriu a parte do pai e convidou os filhos para a sociedade. “Começamos pequenos e celebrando todas as conquistas, o primeiro caminhão, a primeira sede, a primeira câmara fria etc... Com logística eficiente e responsabilidade com os clientes, trabalhando com marcas renomadas, conquistamos representatividade com nossos clientes”, conta.
Na trajetória, a distribuidora passou por momentos difíceis diante de recessões econômicas, ficando sem capital de giro e tendo de recorrer a terceiros para funcionar. Foram anos de trabalho com os custos no limite até a superação com décadas crescendo dois dígitos ao ano.
A robustez da Arilu atraiu a maior plataforma de distribuição de bens de consumo do Brasil, a Braveo, com a venda da maior parte da operação em julho. “Sucessão eu tenho e estou no melhor momento da nossa empresa, com caixa e capital de giro. Mas, ao me conectar com o mercado, aprendi que é justamente esse o cenário ideal para a venda e fiz negócio após a terceira oferta. Acredito que com a inteligência artificial teremos mudanças na forma de comprar e vender, não na distribuição em si, que não entrará em crise, mas agregar expertise é importante”, explica.
Como parte da Braveo, a Arilu deu um salto. São 4,5 mil colaboradores em dez estados, atendendo mais de cem mil clientes, com 38 mil itens de estoque e 17 centros de distribuição. O faturamento é de R$ 4,2 bilhões anuais, com previsão de chegar a R$ 10 bilhões até 2026. “Se aprendemos com bons exemplos, hoje também somos inspiração. Nosso trabalho comercial, modelo de remuneração, premiações, benefícios e outros detalhes estão sendo replicados pela empresa que passou a ser nossa maior acionista”, observa Ariovaldo.
Outro grande passo na história da Arilu é o novo centro de distribuição em Paiçandu, em construção com 23 mil metros quadrados em um espaço de 80 mil metros quadrados – o centro de distribuição atual tem 8 mil metros. “Começamos em um fundo de quintal, com uma Kombi velha e persistência. Faço visitas a outras distribuidoras, conheço todos os processos da minha empresa, procuro participar de entidades de classe, convenções e não desisto fácil”, aconselha.
Amigão
Jefferson Nogaroli, do Amigão: “tem a hora para crescer. A grande questão é se antecipar aos problemas e aproveitar as oportunidades, tomando a decisão certa na hora certa”
A primeira loja da família Nogaroli, à época São Francisco, antes da fusão com os Supermercados Cidade Canção e a criação da Companhia Sulamericana de Distribuição (CSD), ficava no bairro das Palmeiras. Jefferson precisou ser emancipado aos 17 anos para se tornar sócio. “Eu e meus irmãos começamos com meu pai com um pequeno comércio, uma Kombi e fomos criando outros negócios e ganhando tração.”
A gestão baseada em inovação fez com que o Grupo Nogaroli atingisse resultados impressionantes e abrisse mais de dez empresas em ramos diferentes. Um deles é o Eurogarden, negócio ao qual Jefferson mais tem se dedicado. O projeto de um novo bairro maringaense chega com a promessa de ser o mais sustentável do mundo. “Para crescer e inovar, é preciso ter apetite ao risco. Sempre busquei me antecipar aos movimentos do mercado. Por exemplo, criamos a Cooper Card porque nos supermercados não havia cartão. Só Deus sabe quanto custou, mas deu certo. A inovação, o arrojo e a coragem, além de pessoas competentes, são importantes”, diz.
Para o empresário, a chave para o sucesso está na tempestividade. “É olhar o cenário e ver que se está difícil, é preciso cortar despesas, enxugar. Também tem a hora para crescer. A grande questão é se antecipar aos problemas e aproveitar as oportunidades, tomando a decisão certa na hora certa.”
Unicesumar
“Visitei instituições em mais de 30 países, busquei tecnologias e contei com o firme apoio dos meus filhos. E não deixamos de buscar executivos no mercado”, diz Wilson Matos, da Unicesumar
Uma Kombi também foi o primeiro carro de serviço de Wilson de Matos Silva, que possuía uma transportadora de malotes para bancos na década de 1980, enquanto trilhava a carreira de professor de Matemática em uma faculdade em Jandaia do Sul/PR. A atividade deu certo, e ele chegou a ter mais de 200 veículos, além de outros terceirizados.
“Além de transportar malotes, distribuía lista telefônica no Paraná. Participando de uma concorrência de malote em Cuiabá, faltou um documento para comprovar minha frota de carros e soube que conseguiria enviar o que era preciso na hora por fax. Notei naquele momento que meu negócio não teria futuro. O malote acabou em 1998”, lembra.
Era a hora de voltar à instituição de ensino que havia fundado na década de 1990. “Precisei pensar em outro negócio. Meus filhos estavam ficando adolescentes, havia poucos cursos na Universidade Estadual de Maringá e quem não entrasse, precisaria estudar em outras cidades. Organizei com amigos uma instituição em Maringá e o estatuto saiu em 1986”.
Eram 800 metros quadrados em uma área de quatro hectares que abrigaram a instituição, cujos dois primeiros cursos, Administração e Tecnologia em Processamento de Dados, foram aprovados pelo Ministério da Educação (MEC) em 1990. Wilson lembra que a possibilidade de crescer era remota, em parte pela demora para a autorização de cursos, que chegava a seis anos. Mas em 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), surgiu a chance de expansão acelerada. Logo foi solicitada a abertura de 16 cursos. Dois alqueires ao lado da instituição foram comprados para a construção de prédios, atualmente com nove alqueires e 150 mil metros quadrados de construção.
Um episódio marcante aconteceu em 2002, quando a instituição ganhou a categoria de centro universitário, tornando-se Unicesumar, com autonomia para abrir cursos e vagas. Paralelamente, a educação a distância (EAD), que começou em 2006, cresceu. “Entramos para o ecossistema educacional estabelecendo polos EAD pelo Brasil. Para nosso coroamento, em 2011 tivemos aprovado o curso de Medicina.”
A Unicesumar tem 430 mil alunos pelo Brasil, sendo 400 mil na modalidade EAD, com polos em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos; em Genebra, na Suíça; em Londres, na Inglaterra; e no Japão. Diante dos números, surgiu o interesse do Grupo Vitru Educação, proprietário da Unialssevi, em comprar parcialmente a instituição, uma transação de R$ 3,2 bilhões. Hoje são quatro fundos mais a família Matos, que administra o maior número de ações presentes na bolsa brasileira B3. “A união nos levou a um número de 930 mil alunos e mais de 2,2 mil polos de ensino a distância e 10,4 mil colaboradores.”
“Nunca nos acomodamos. Temos que ter sonhos, colocar a força da nossa alma e, assim, o universo conspira a favor. Visitei instituições em mais de 30 países para aprender, busquei tecnologias e contei com o firme apoio dos meus filhos. E não deixamos de buscar executivos no mercado para nos ajudar a superar as crises diversas”, diz.
O envolvimento de Matos no negócio é simbolizado pelo fato de ele morar em uma casa construída em um anexo ao campus de Maringá, há 20 anos. É que o empresário sempre fez questão de ser um dos primeiros a chegar e um dos últimos a sair. Neste caso, o olho do dono coloca tudo em ordem: nas ‘rondas’ noturnas, ele fica atento até aos projetores de mídia esquecidos ligados nas salas. “Cuido dos menores aos mais complexos detalhes.”