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Na alimentação, legislação, espaços públicos e organização ajudam

Na alimentação, legislação, espaços públicos e organização ajudam

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Carlos Eduardo Fernandes, do Matriarca Pub, se prepara para abrir outra unidade, desta vez na avenida Riachuelo

Dentro de uma mesma área, as realidades vividas por empresários podem ser diferentes. É o caso das empresas ligadas à gastronomia que fazem parte do Empreender, programa da Acim. Enquanto os cervejeiros vivem a euforia de terem recebido prêmios nacionais, empresários que trabalham com food truck lutam para reconquistar espaços. Já os churrasqueiros, que têm apresentado nova roupagem, se organizam para se consolidar no mercado.

Sócio do Matriarca Pub, Carlos Eduardo Fernandes, que é vice-presidente do Núcleo de Cervejarias (Nucem), decidiu, em 2017 com o sócio Adriano Assis, abrir um pub de estilo inglês e agora se prepara para inaugurar outra unidade: o ‘Bar da Cervejaria’, na avenida Riachuelo. “Apesar de termos inaugurado o pub em 2017, só em 2020 começamos a produzir oficialmente nossas cervejas, já que em 2018 foi aprovada em Maringá a lei dos brewpubs (em português, lei das cervejarias)”, afirma.

A lei representou um passo importante para os empresários do setor, que puderam iniciar a fabricação de cerveja artesanal em pequena escala sem que isso caracterizasse atividade industrial, o que fortaleceu o segmento, tanto que o título de melhor cervejaria do país pertence a outra empresa maringaense, a Sabores do Malte. Isso sem contar outros prêmios que os cervejeiros locais acumulam, tornando Maringá uma referência nacional na produção de cervejas artesanais.

Fundado em 2015, o Núcleo das Cervejarias conta com 12 membros, que comemoram mais duas conquistas: a lei que institui a Rota Turística das Cervejas Artesanais de Maringá e considera o produto ativo turístico da cidade, e a liberação para venda de cerveja artesanal nas feiras livres do município, que aguarda regulamentação.

No ano passado, o núcleo conseguiu viabilizar a realização da segunda edição do Festival das Cervejarias Independentes de Maringá, que reuniu mais de dez mil pessoas em três dias de evento. “Outro espaço importante que conseguimos foi a Maringá Encantada, onde fizemos uma prévia do que esperamos para a Rota da Cerveja. Trabalhamos com gamificação e premiamos os participantes que completaram o percurso com uma caneca personalizada”, diz.

Mas também há desafios, em especial a concorrência com o mercado tradicional de cervejas e a dificuldade de superar barreiras econômicas e logísticas para chegar às prateleiras de lojas e, consequentemente, ao consumidor final. “Outro desafio é inserir as cervejarias locais nos grandes eventos da cidade. Ainda existe resistência e não há lei que nos ampare nesse sentido”, explica.

Agregando à tradição


Alex Antônio, da The Best BBQ, “concorrência ajuda a evoluir e quem ganha é o cliente, principalmente porque vai ter acesso a uma experiência de excelência”

Quem também está em busca de conquistar mais espaço no mercado de alimentação são os churrasqueiros, que passaram a integrar o Programa Empreender há mais de três meses. Nos últimos anos, os profissionais ganharam nova roupagem, diferente da imagem tradicional do churrasqueiro com pano de prato nos ombros. Hoje, eles usam técnicas brasileiras e estrangeiras e dispõem de equipamentos que agregam valor ao tradicional churrasco.

Alex Antônio é um dos idealizadores do núcleo, que tem cerca de 15 membros. Proprietário da The Best BBQ, especializada em churrasco americano e parrilla, que faz eventos personalizados e vende produtos para defumação, ele conta que o mercado tem se fortalecido, porque o consumidor busca uma experiência diferenciada. “Um dos cortes que faz sucesso no Brasil é o brisket defumado, que é uma parte do peito bovino que para os americanos tem o mesmo valor que a picanha tem para os brasileiros”, explica.

Outra técnica que agrada o paladar brasileiro é o uso de lenhas frutíferas, que conferem aroma e sabor às carnes durante o processo de defumação. “É importante dizer que ‘fumaça’ sempre vai se referir à sujeira, por isso, é diferente da defumação, que, em alguns casos, leva até 12 horas. É um trabalho que exige técnica e paciência, mas deixa o prato simplesmente incrível”, afirma.

Para o empresário, o desafio do núcleo é continuar ajudando a construir um novo cenário para a área do churrasco e, para isso, ele reconhece que a Acim tem muito a oferecer. “Somos especialistas em churrasco, mas ter um negócio de sucesso vai além, por isso, é fundamental estarmos amparados para conhecermos práticas de gestão, marketing, atendimento e tudo mais”, diz.

Os empresários querem um mercado forte e competitivo. “Se engana quem pensa que a concorrência é ruim, pelo contrário, ela ajuda a evoluir e quem ganha é o cliente, principalmente, porque vai ter acesso a uma experiência de excelência”, afirma.

Entre conquistas e desafios


Ana Maria Cantadori, do Crepe’n Roll,  “vimos novamente a necessidade de nos organizar. Foi aí que dei a ideia do núcleo de food truck”

Proprietária do food truck Crepe’n Roll de crepe francês, Ana Maria Cantadori teve a ideia, em agosto de 2023, de fundar o Núcleo de Food Trucks na Acim. Ela explica que, no passado, existiu uma associação de empresários do ramo, que se desfez e algumas empresas até deixaram de trabalhar com a modalidade. “Vimos novamente a necessidade de nos organizar. Foi aí que dei a ideia do núcleo”, afirma.

Maringá foi uma das primeiras cidades do país a regulamentar a atividade de food truck. Até 2020, a atividade vinha crescendo de forma consistente, com locais onde aconteciam as feiras, a participação de food trucks e foram surgindo mais opções na cidade de hambúrgueres, espetinhos, chope artesanal, açaí, tapiocas e massas.  “A regulamentação trouxe mais confiança para os empresários trabalharem e investirem no ramo. Com locais fixos para as feiras como o Parque do Ingá, a praça da Catedral, o Estádio Willie Davids, a avenida Guedner e a praça do Teatro Reviver Magó, fomos nos firmando e fidelizando a clientela”, lembra. No entanto, a pandemia em 2020 e as restrições impostas devido à emergência sanitária fizeram o movimento desarticular e, agora, a realidade é diferente. 

Segundo Ana Maria, hoje os food trucks estão atuando em espaços privados como condomínios e eventos privados, além de espaços públicos, como a avenida Guedner, porém, com menos expressividade. Para a empresária, um agravante foram os empresários terem perdido temporariamente o acesso à praça da Catedral. “Era um espaço onde o maringaense tinha se acostumado a encontrar food truck, mas com o fechamento para execução da obra do Eixo Monumental, a previsão é o retorno só em dezembro”, lamenta.

Outro desafio é lidar com empresas que atuam de forma irregular. “Infelizmente há food truck fora das regras de vigilância sanitária, que atua sem fiscalização ou punição. Isso é grave, prejudica o mercado e as empresas sérias e também coloca em risco a saúde do consumidor”, alerta.

Para a empresária, o momento é de recuperar espaços que haviam sido conquistados, se reinventar e se abrir para oportunidades como os eventos corporativos. “É para isso que estamos organizados no núcleo. Nossas reuniões acontecem quinzenalmente e são abertas a todas as empresas do segmento”, finaliza.

Como participar

Para fazer parte de um dos mais de 80 núcleos setoriais e multissetoriais do Empreender, é necessário apenas ser associado da Acim. Para conferir os núcleos e empresas participantes, inclusive aqueles citados na reportagem, acesse www.acim.com.br/empreender