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Novos hábitos e concorrência desleal pautam trabalho de núcleos

Novos hábitos e concorrência desleal pautam trabalho de núcleos

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Julia Santana de Souza, do Renato Auto Service: “os clientes que visam apenas o preço baixo acabam abrindo mão da qualidade e até da segurança”


Atuando no segmento de revenda de pneus desde a década de 90, a gerente de vendas da Renato Auto Service em Maringá, Julia Santana de Souza, viu de perto as mudanças do setor e a importância de estar atenta aos novos hábitos dos consumidores. Foi aí que, em 2022, ela encontrou no Núcleo de Revendedores de Pneus o local para trocar experiências, superar adversidades e compartilhar conquistas com empresários e gestores da área. Segundo ela, uma das mudanças está no aumento significativo da participação das mulheres. 

“Quando entrei no ramo automotivo, havia mulheres estritamente no setor administrativo, hoje, além de consumidoras que frequentam as oficinas, estamos em cargos de gerência, no departamento de vendas, inclusive na linha de veículos pesados, e até nas oficinas”, diz. Para atender ao interesse crescente das mulheres na manutenção de  veículos, a Renato Auto Service, que é revenda oficial da marca Goodyear, oferece curso de mecânica básica com conteúdo teórico e prático. “Aqui elas são mecânicas por um dia e têm conhecimento básico sobre veículos, incluindo como trocar pneu em caso de emergência. Esse conhecimento proporciona às mulheres mais segurança e tranquilidade ao frequentar uma oficina para fazer a manutenção do carro”, afirma.

Com lojas no Paraná e em São Paulo e há mais de 65 anos no mercado automotivo, a Renato Auto Service tem unidade em Maringá com 15 funcionários e revende pneus para veículos de passeio, caminhões e máquinas agrícolas. “Uma das estratégias é oferecer um portfólio completo de serviços num único local; por isso, as empresas do núcleo, além de peças, oferecem serviços como troca de óleo, suspensão, freios, motores, alinhamento, balanceamento, higienização de ar-condicionado e outros”, afirma.  

Para a gerente, no segmento de revenda de pneus são dois os principais desafios: a concorrência com empresas que atuam de forma irregular e a ampla oferta de produtos, sobretudo de marcas importadas. ‘No passado, havia apenas quatro marcas de pneus; hoje são mais de 50, e o problema é o cliente fazer análise apenas do custo inicial do produto, não avaliando qualidade, performance, segurança e benefícios. Priorizando apenas o custo, o consumidor não analisa se o pneu corresponde às características do veículo, ao tipo de solo que transita e à capacidade de carga. Esses são detalhes que vão impactar diretamente a vida útil do produto,” explica. 

Além disso, segundo Julia, infelizmente no mercado em Maringá há a prática ilegal de venda casada, que é quando os pneus têm preço baixo apenas para atrair os clientes. Uma vez que o veículo está na oficina, são indicados serviços muitas vezes desnecessários. “Por meio do núcleo, temos conhecimento de situações em que o orçamento chega a custar mais de 50% do valor do veículo”, afirma. Nestes casos, segundo a gerente, além de serviços desnecessários, muitas peças indicadas sequer são trocadas, lesando o consumidor e comprometendo o mercado. 

A orientação é buscar na internet avaliações da empresa e ter em mente que quando o preço é muito baixo, algo está errado. De acordo com Julia, um dos avanços conquistados por meio do núcleo, que tem reuniões quinzenais, foi a aproximação com o Procon, que esclareceu dúvidas, acolheu denúncias e intensificou a fiscalização. Em conjunto, as empresas também promovem treinamentos de vendas, mecânica e tráfego pago de internet, fazem compras coletivas, compartilham ferramentas e organizam viagens para eventos do setor. “Estamos trabalhando para que as empresas com boas práticas sejam reconhecidas por meio de um selo”, explica.


Experiência de compra



Uma das estratégias dos postos de combustíveis é agregar serviços, como lavanderias e farmácias, e é isto que Vinícius Cavalheiro quer fazer no Posto Tuiuti

O preço dos combustíveis costuma ser um dos assuntos que faz o consumidor torcer o nariz a cada reajuste que chega às bombas. Por isso, manter uma imagem positiva e oferecer boa experiência de compra são desafios para os empresários do setor. Proprietário do Posto Tuiuti e presidente do Núcleo de Postos do Programa Empreender (Nuscom), que conta com 24 empresas, Vinícius Cavalheiro afirma que um dos caminhos para fidelizar o cliente é, além do bom atendimento, oferecer produtos e serviços. Quanto mais necessidades do consumidor forem atendidas num só lugar e melhor a experiência de compra, maiores a chance dele voltar.

Nesse sentido, uma estratégia crescente são as sublocações de espaço para operações como lavanderias, farmácias, lotéricas e empresas alimentícias, que agregam valor. “Para um posto ter sucesso, a localização é importante. Precisa estar num local onde haja fluxo, seja de fácil acesso e ofereça praticidade”, afirma. No Posto Tuiuti, o empresário tem cerca de 1,2 mil metros quadrados para ampliar a oferta de serviços, que deve contar com salas comerciais e coworking.

Outra estratégia do núcleo é participar anualmente do Feirão do Imposto para conscientizar a população sobre a carga tributária brasileira por meio da venda de produtos com preço que desconsidera os impostos. “É uma ação educativa para informar o cliente sobre a composição dos preços dos combustíveis e, consequentemente, mostrar que os postos não são os vilões”, afirma.

Assim como acontece nas revendas de pneus, entre os membros do Núcleo de Postos, que se reúnem quinzenalmente, outro desafio é lidar com a concorrência desleal. Sonegação de impostos, bomba baixa (prática de substituir um litro por 900 mililitros) e adulteração de combustíveis são algumas práticas ilícitas. “O consumidor deve considerar que preços muito baixos costumam esconder irregularidades”, explica.

Com a união dos membros do Nuscom, uma das conquistas foi a aproximação dos empresários com o poder público e aprovação de uma lei municipal que cassa o alvará de funcionamento de postos que cometem fraudes contra o consumidor. Além disso, com esforço coletivo, os nucleados fazem sorteios de carros, ações beneficentes, compram insumos e trocam experiências.


Ingrediente indispensável



“As confeiteiras que participam do núcleo dominam a arte de fazer e confeitar bolos, mas precisam aplicar conceitos de gestão e marketing”, conta Guga Azevedo, da Sandra Tortas

Segunda geração à frente da Sandra Tortas, Guga Azevedo, diferente da matriarca e das demais integrantes do Núcleo de Confeitarias, não é confeiteiro. No entanto, aprendeu uma habilidade tão importante quanto: a gestão de negócios. O empreendimento familiar começou em 1997 quando Guga era garoto. Com o passar do tempo e o envolvimento dele nos negócios, a gestão foi se profissionalizando e, hoje, além de loja, tem fábrica com cerca de 30 colaboradores.

Membro do Núcleo de Confeitarias desde o início, em 2022, ele ajuda as cerca de 20 empresas a aprimorar a condução dos negócios. “As confeiteiras que participam do núcleo dominam a arte de fazer e confeitar bolos, mas precisam aplicar conceitos de gestão e marketing para alavancar os negócios”, explica. Para isso, o núcleo, que tem reuniões mensais, oferece treinamentos, visitas técnicas, além de promover campanhas e ações de marketing coletivas e confraternizações.

De acordo com o empresário, as pequenas empresas têm vantagem: conseguem se adaptar às tendências com velocidade. “Nossos clientes geralmente são mães entre 35 e 55 anos ligadas às tendências, principalmente, nas redes sociais. Por isso, buscam as empresas e os profissionais antenados”, diz.

Azevedo cita o recheio de pistache que foi a sensação da Páscoa, assim como tendências como o Bentô Cake, cupcakes, bolos no pote, ovos de colher e barras de chocolate recheadas. “Para uma empresa com processos complexos, inserir um produto leva mais tempo. Enquanto as empresas menores saem à frente e conseguem atender o cliente em um espaço curto de tempo. Esta é uma oportunidade valiosa para quem está no ramo, mas requer atenção às tendências”, revela.


Participação

Para fazer parte de um dos mais de 80 núcleos setoriais e multissetoriais do Empreender, é necessário apenas ser associado da Acim. Para conferir os núcleos e empresas participantes, inclusive citados nesta reportagem, acesse www.acim.com.br/empreender