André Duarte, do Grupo Servopa: antes da inauguração da loja da BYD, em janeiro, vendas de elétricos da marca vinham crescendo expressivamente no Paraná
Se no início a novidade gerou até um pouco de apreensão, a venda de carros elétricos chineses se mostrou certeira para Paulo Barros, diretor Operacional da E-brun, concessionária da GWM em Maringá e cidades do interior do Paraná. As preocupações iniciais eram com o potencial de mercado e que os consumidores vissem os carros como de “segunda linha”. Desde o fim de 2022, quando a concessionária foi aberta, Barros e a equipe da Zacarias, que administra a E-brun, vivenciam a alta performance e o design dos carros, que estão caindo no gosto dos consumidores.
Ao andar pelas ruas da cidade, é possível perceber que a frota de veículos elétricos está crescendo. O modelo da GWM que está contribuindo para este aumento é o Haval, um SUV híbrido que custa entre R$ 224 mil e R$ 320 mil. Disponível para venda pela E-brun desde o final do ano passado, outro modelo promissor é o Ora03, compacto 100% elétrico de R$ 150 mil.
Para Barros, além do desempenho e do design, o modelo de negócio surpreende e, por isso, o maior vendedor dos carros elétricos é o próprio cliente, que se encanta com a experiência de compra. “Acredito que estamos vivendo mais do que uma evolução, trata-se de uma revolução. Este novo modelo de negócio permite que a compra seja efetivada de forma 100% online. Além disso, nas lojas há reconhecimento facial, telões e painéis digitais. Mesas deixaram de existir e tudo é tratado em lounges, permitindo mais proximidade com o cliente”, explica.
Se o desafio inicial era mostrar os benefícios da eletrificação em detrimento dos modelos tradicionais, o caminho está sendo percorrido com sucesso e quem prova são os números de venda. Em 2023, a meta era vender 30 unidades por mês entre Maringá e Londrina, mas a média foi de 52 unidades. “Só na Black Friday vendemos 60 carros, o dobro da meta, e dezembro foi ainda melhor: foram 114 unidades”, comemora.
Sobre o perfil dos clientes, Barros reconhece que também se surpreendeu. Além de consumidores de 32 a 55 anos, o público com mais de 60 anos tem se interessado por carros elétricos. “É uma quebra de paradigma”, afirma.
Mais de 420%
André Duarte, do Grupo Servopa: antes da inauguração da loja da BYD, em janeiro, vendas de elétricos da marca vinham crescendo expressivamente no Paraná
O gerente comercial do Grupo Servopa, André Duarte, também tem motivos para esperar um ano de boas vendas. A concessionária que representa as marcas Honda Prix, Volkswagen e Audi inaugurou na avenida Bento Munhoz da Rocha Neto uma loja da BYD, marca chinesa de carros elétricos. Antes da abertura da loja, no fim de fevereiro, a concessionária já registrava números animadores de vendas.
Os destaques foram os quatro últimos meses de 2023, com crescimento de 423% em relação aos primeiros oito meses do ano. Até agosto foram vendidos no Paraná 151 carros elétricos, em setembro foram 115, em outubro as vendas subiram para 139, em novembro aumentaram mais uma vez, chegando a 218, e em dezembro bateram o recorde de 318 unidades. “E para 2024, no país, a previsão é de 60% de crescimento nas vendas de carros elétricos em relação a 2023,” afirma.
Quem está puxando a fila das vendas é o modelo Dolphin, que custa em média R$ 150 mil. No entanto, a marca tem outras opções de R$ 179 mil, R$ 229 mil a R$ 550 mil, entre modelos 100% elétricos e híbridos. “Além disso, vamos ter o lançamento do Mini Dolphin que virá com preço atrativo, na faixa de R$ 100 a R$ 110 mil”, afirma.
Duarte reconhece que apesar do crescimento exponencial existem menos pontos de recarga do que o necessário, e esta talvez seja uma das preocupações de quem cogita investir em um modelo elétrico. No entanto, ele é otimista. “Modelos como o Dolfin e demais elétricos vêm com carregador de parede que o cliente faz a instalação em casa, e os híbridos vêm com carregador portátil que requerem apenas uma tomada simples e aterrada. Há ainda a previsão de que em 2024 sejam instaladas no país cerca de 2,5 mil estações de recarga públicas e semipúblicas”, explica.
Veículos comerciais elétricos
Com o fechamento da fábrica da Ford, Grupo Trevisa passou a vender caminhões elétricos de pequeno porte da chinesa Foton, conta Alexandre Faride
No mercado de veículos desde 1972, o Grupo Trevisa, com matriz em Maringá, se consolidou no Paraná com a venda de carros e caminhões convencionais. Segundo o sócio executivo do grupo, Alexandre Faride, a Trevisa constatou forte movimentação para introdução no mercado nacional de veículos elétricos comerciais e entendeu que também precisava ter o produto à disposição dos clientes. Por isso, em 2019, após o fechamento da fábrica da Ford no Brasil, passou a trabalhar com a marca chinesa Foton, que comercializa caminhões elétricos de pequeno porte. “Diante dessa tendência mundial, não podíamos perder a oportunidade de fechar negócios e oferecer as melhores soluções em transporte”, afirma.
Por enquanto, o grupo tem três opções à venda: um modelo da Foton com capacidade de até seis toneladas, que custa cerca de R$ 460 mil, e outros dois da marca Hitech-e com capacidade de 800 e 400 quilos, com carroceria ou baú fechado. Essas opções, por serem menores, têm preços mais acessíveis: R$ 199 mil e R$ 160 mil, respectivamente. Outros dois modelos da Foton ainda estão em processo de homologação para depois terem a venda liberada no Brasil.
As perspectivas são positivas. Segundo Faride, na primeira leva chegaram ao Brasil cerca de cem veículos da Foton, destes, três foram vendidos no Paraná em três meses. Já para a segunda remessa prevista para meados de abril, estimam-se de 150 a 250 unidades, com venda de cinco a dez unidades em menos de dois meses.
Os números podem parecer tímidos, mas Faride explica que o mercado de veículos comerciais elétricos, apesar do enorme potencial, tem especificidades e desafios. Em primeiro lugar, o custo em relação aos modelos convencionais, a diesel, por exemplo, ainda é expressivo. Enquanto um elétrico chega a R$ 460 mil, um modelo convencional do mesmo PBT (capacidade máxima de transporte de um caminhão) é encontrado por cerca de R$ 280 mil.
Outro desafio é a infraestrutura de carregamento, ainda insuficiente para a demanda, que é um desafio comum aos carros de passeio. E, por fim, a autonomia que não passa de 300 quilômetros. “Para fins comerciais, são veículos que têm ótimo desempenho na cidade ou para deslocamento até cidades próximas. Já para viagens longas o ideal seria um modelo híbrido, ainda não disponível no mercado”, esclarece.
Bikes, patinetes e scooters
Em quatro anos, Thiago Henrique Marion mais do que dobrou o tamanho da loja de patinetes e scooters elétricas e abriu uma assistência técnica para esses veículos
No mercado de mobilidade elétrica desde 2019, o empresário e gerente de vendas, Thiago Henrique Marion, tem visto os negócios crescerem de forma consistente. Ele começou com a loja Skylane e um mix de dez produtos entre scooters e patinetes elétricos. De 2022 para 2023, as vendas cresceram 40%. Hoje são, em média, 40 unidades por mês. Marion deu mais um passo importante: há poucos meses a loja se tornou representante oficial da Motochefe, a principal importadora de scooters elétricas do país.
A loja, hoje, tem mais que o dobro do tamanho inicial. São cerca de 120 metros quadrados, quatro funcionários, dois sócios e um mix de 25 produtos. “Além do público jovem que não tem carteira de habilitação, depende de aplicativos e não tem a intenção de comprar um carro, temos alcançado pessoas mais velhas que buscam praticidade e economia”, explica.
Há pouco mais de um ano, com o mercado aquecido e a falta de assistência técnica especializada, Marion se lançou no desafio de prestar o serviço e deu certo. “Hoje, em outro endereço, conseguimos oferecer suporte tanto para os nossos clientes no pós-venda quanto para outros proprietários de scooters, patinetes e triciclos”, diz.
Para este ano o empresário estima pelo menos 30% de aumento no volume de vendas, apostando em dois fatores: o aquecimento das vendas de carros elétricos, que segue tendência mundial e, por consequência, aquece o mercado dos micromodais elétricos, e o segundo são as vendas corporativas. “Já fechamos contrato com uma grande empresa de móveis que vai premiar os funcionários com nossos produtos e também com uma empresa de seguros. Acredito que este seja um caminho interessante que vai nos ajudar”, diz.