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Infraestrutura precisa de  planejamento de longo prazo

Infraestrutura precisa de planejamento de longo prazo

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Se a estimativa da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) se confirmar, o país receberá R$ 160,1 bilhões em infraestrutura entre 2022 e 2026. O estudo foi feito com bases em projetos licitados ou a serem licitados e, apesar da alta de 40% em relação ao levantamento de 2020, o país precisa acelerar os investimentos para resolver os gargalos de infraestrutura. 

Pelos cálculos da Abdib, seria necessário injetar 4,31% do PIB anualmente, no mínimo por dez anos seguidos. Nos últimos 15 anos, os investimentos não passaram de 2,4%. É preciso união de esforços, com fontes de financiamento, além de investimentos públicos e privados, inclusive por meio de concessões.

O Paraná acaba de licitar, na Bolsa de Valores, em São Paulo, o Lote 1 do novo pacote de rodovias. Com desconto de 18,25% na tarifa-base por quilômetro rodado, o que significa 54% menos do que última tarifa por quilômetro cobrada pelo antigo Anel de Integração, o lote foi arrematado pelo grupo Pátria. Contempla 473 quilômetros de rodovias entre Curitiba e região, atravessando 18 cidades, com investimentos superiores a R$ 13 bi. Segundo o governador Ratinho Junior, com os lotes que serão licitados, será o maior projeto de concessão rodoviária da América Latina, com 3,3 mil quilômetros de rodovias e R$ 50 bilhões em investimentos. O prazo de concessão é de 30 anos a partir da data de assinatura do contrato, prevista para o final do ano.

Num país que enfrenta gargalos em rodovias, portos, ferrovias, saneamento e tantas áreas da infraestrutura, por vezes é preciso união de esforços para que as obras possam se concretizar. A duplicação dos 21 quilômetros entre Maringá e Iguaraçu só foi licitada após a doação dos projetos e readequações pelos empresários. O mesmo acontecerá com o viaduto de Sarandi, já que coube a iniciativa privada custear o projeto para que a obra seja licitada, ainda sem data. 

Na rodovia entre Paranavaí e Nova Londrina, o governo do estado quer instalar terceiras vias ao longo dos mais de 70 quilômetros, mas devido ao alto fluxo de veículos por causa do escoamento da produção agrícola e do turismo em Porto Rico, os empresários querem que a via seja duplicada. Para isto, custearão contagem de veículos comprovando a necessidade da obra. No Hospital da Criança de Maringá, ainda não inaugurado, a ACIM pagou diversos projetos para acelerar a obra.

O fato dos empresários investirem em projetos técnicos reforça o quanto o país carece de bancos de projetos. O problema se repete em todas as esferas da gestão pública, porque os mais comuns são estudos para períodos de um mandato de gestão. Junta-se a isso o alto nível dos gastos públicos que compromete os recursos para investimentos em infraestrutura. E o resultado é este: gargalos de infraestrutura pelo país afora. Precisamos investir em planejamento de longo prazo. Só assim teremos uma infraestrutura que não compromete o desenvolvimento dos negócios e ajudará na competitividade.

 

José Carlos Barbieri é presidente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM)