Janice de Fátima Paltanin e Antônio Carlos Hopco, dos Pijamas Dorminhoco, participam de feiras e têm loja temporária no litoral do Paraná: estratégia para alcançar um público amplo e impulsionar giro rápido das mercadorias
Antônio Carlos Hopco e a esposa, Janice de Fátima Paltanin, têm praticamente uma loja sob rodas faz 16 anos. É que desde que começaram a fabricar pijamas, eles participam de feiras e eventos em cidades das regiões Sul e Sudeste, e passam três meses por ano em uma loja temporária em um shopping no litoral do Paraná. Para eles, este foi o caminho para consolidar os Pijamas Dorminhoco. “Começamos a participar de feiras e eventos como estratégia para alcançar um público amplo e, assim, impulsionar o giro rápido das mercadorias”, afirma Hopco.
Com a experiência, ele diz que o caminho para o sucesso é, em primeiro lugar, ter produtos de qualidade. Outra dica que nas feiras vale ouro é ter grade de numeração. E, para isso, segundo o empresário, não dá para descuidar da linha de produção. “Fazemos os cortes internamente, mas a costura é terceirizada, o que exige mais atenção para manter o estoque completo”.
Antes de confirmar presença em uma feira, a empresa, localizada no Jardim Santa Helena, em Maringá, procura avaliar as características e demandas da região, para ter certeza que o produto se encaixa no perfil do evento e dos visitantes. O passo seguinte é o que o empresário considera como o maior desafio na participação em eventos: o transporte das mercadorias. Para isso, a empresa investiu em um veículo que comporta tudo: estoque, móveis, manequins, expositores, entre outros.
“Hoje temos uma caminhonete e um baú, que inclusive, foram adquiridos com recursos das feiras”, afirma. Segundo Hopco, o transporte próprio garante segurança e comodidade. Quanto à organização e divulgação, os expositores não precisam se preocupar, pois isso fica a cargo da organização. “Sem dúvida, essa é uma vantagem para quem participa, porque podemos nos concentrar em atender bem o cliente e fortalecer a marca”, diz.
Oportunidade de negócios
A Outlet House terá 120 estandes e espera atrair 5 mil pessoas por dia, conta André Barros, do GMC Eventos
Tudo junto no mesmo lugar, esta é a ideia de uma feira comercial: reunir empresas para garantir aos visitantes uma experiência completa. E a receita vale para qualquer segmento. Bastam bons expositores, estrutura adequada e, claro, divulgação. Em julho, acontece em Maringá a tradicional Feira Ponta de Estoque, uma oportunidade para comerciantes liquidarem os estoques e se prepararem para receber a nova coleção. Já para os consumidores, trata-se de uma chance de comprar os mais variados produtos com descontos tentadores. Em agosto, uma novidade: quem busca opções para renovar a casa, comprar imóvel ou contratar serviços para condomínios, vai encontrar tudo na Outlet House, que surgiu da fusão da Feira de Imóveis, Exposíndico e Outlet Home.
“Reunimos duas feiras tradicionais em Maringá para se juntar ao conceito da Outlet House e, assim, entregar uma feira completa no segmento da habitação”, afirma André Barros, do GMC Eventos, que organiza o evento em parceria com VQV Eventos e ACIM, e apoio do Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi) e Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/PR-Noroeste).
A Outlet House será em 25, 26 e 27 de agosto nos pavilhões azul e anexo do Parque de Exposições, ambos com cerca de 7,5 mil metros quadrados. “Serão 120 estandes, mas como algumas empresas ocupam mais de um, nossa estimativa é de 80 expositores”, afirma.
O planejamento começou ainda no ano passado. “Estamos desde novembro envolvidos”, diz. A montagem deve iniciar quatro dias antes e exigirá o trabalho de cem pessoas. “Isso sem contar o trabalho dos expositores na montagem dos estandes, que tranquilamente deve chegar a 500 pessoas”, afirma.
A expectativa é receber, em média, cinco mil pessoas por dia. Para garantir boas vendas, a dica da organização é que os expositores caprichem no ponto de venda, ou seja, preparem estandes bonitos. “Além disso, é fundamental ter boas ofertas e condições de pagamento para os visitantes”, diz. A Outlet House terá estacionamento gratuito, praça de alimentação e espaço kids.
Estreia como expositor
Bruno Acabamentos participará pela primeira vez de uma feira, mas pretende participar de outras; estoque não será problema, já que empresa tem e-commerce, produz e importa, diz Roberto Bruno da Silva Júnior
No mercado desde 2012, a loja Bruno Acabamentos participará pela primeira vez de uma feira, na Outlet House e, ao que tudo indica, será apenas o primeiro passo no universo dos eventos. O empresário Roberto Bruno da Silva Júnior está animado, tanto que escolheu entre os 52 funcionários das duas lojas de Maringá quem estará escalado para trabalhar na feira. Ele também definiu os produtos que serão expostos no estande. Serão torneiras, kits de banheiros, duchas higiênicas e chuveiros. “A ideia é levar itens de marca própria para exposição e divulgação do nosso trabalho e, posteriormente, fecharmos os negócios”, afirma.
Segundo Silva Júnior, a Outlet House surgiu como oportunidade para ampliar a divulgação da empresa. “Será uma experiência positiva, já que estaremos em contato direto com público qualificado, ou seja, consumidores de Maringá e região interessados em investir em suas casas”, afirma. Outro detalhe que o empresário precisou levar em conta para participar foi a capacidade de estoque, o que não é um problema, já que a empresa tem e-commerce, produz e importa. “Isso, sem dúvida, nos dá confiança para oferecer produtos sem medo, sabendo que vamos conseguir honrar aquilo que foi firmado com o cliente”, diz.
Embora ainda não tenha definido o cronograma de participação em outras feiras, esta é uma das metas do empresário: expandir a atuação não só em Maringá, mas em outras cidades e possivelmente em outros estados. “Depois dessa experiência vamos preparar os próximos passos, planejar a logística e a estratégia para ampliar o alcance da empresa e, consequentemente, aumentar o faturamento”.
Captação de eventos
Aluízio Andreatta, presidente do Instituto Mercosul: “existe um calendário mundial de feiras de diversos segmentos, que proporcionam experiência enriquecedora”
Se de um lado estão os empresários dispostos a participar de feiras e eventos para aquecer as vendas, do outro, está o trabalho contínuo para atrair essas opções para Maringá. Empresário do setor de eventos há mais de dez anos, Michael Tamura assumiu neste ano a presidência do Maringá e Região Convention & Visitors Bureau, que trabalha para fomentar o turismo. Segundo ele, um dos principais objetivos da entidade é captar eventos e, para isso, é preciso destacar os pontos positivos da cidade, como a segurança pública e a facilidade de locomoção.
“Passada a pandemia, retomamos nossa participação em feiras como a ExpoTurismo, para atrair oportunidades para Maringá. A ideia é descentralizar a realização de eventos em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, e destacar os atributos de Maringá”, afirma. Cada vez que a cidade sedia um evento de médio porte, atrai consumidores de outras cidades, o que ajuda a impulsionar a hotelaria, transporte, gastronomia, empresas de som e luz, entre outros. “Esse fluxo de visitantes contribui para a economia local e fortalece nossa reputação como destino turístico em ascensão”, diz.
Segundo Tamura, sabendo dos fatores positivos da cidade, o desafio é formatar produtos turísticos e ampliar o tempo de permanência dos visitantes. “Nosso desejo é que quem vier para um evento, tenha interesse de ficar mais alguns dias na cidade, afinal, não só Maringá, mas a macrorregião tem potencial turístico”, afirma.
Além-fronteiras
Para quem quer dar um passo maior no universo dos eventos, o Instituto Mercosul mostra o caminho da internacionalização dos negócios. Segundo o presidente Aluízio Andreatta, que é consultor em comércio exterior e agente de cargas internacionais, as missões empresariais são ótimo ponto de partida, já que possibilitam a troca de experiências com empresários de outros países e o acesso a tecnologias e inovações.
“Existe um calendário mundial de feiras de diversos segmentos, que proporcionam experiência enriquecedora para os visitantes. Além de conhecer as novidades e tecnologias em outros países, as viagens geram crescimento cultural, por isso, são tão relevantes para os empresários que querem estar um passo à frente”, afirma.
Com mais de 25 anos, o Instituto Mercosul promoveu, em parceria com a ACIM, missões empresariais para o Japão, Cingapura, Vale do Silício e Dubai e está organizando uma missão em outubro para a Canton Fair, em Guangzhou, na China. “É a maior feira de negócios do mundo, que abrange uma ampla gama de setores”, diz.
Já para o ano que vem o Instituto Mercosul está prevendo uma viagem para Israel. “Quem quiser participar, não precisa se preocupar com documentação, hospedagem e outros detalhes. Tudo fica a cargo da nossa equipe”. Outro detalhe importante é que, segundo Andreatta, a participação em feiras internacionais não é indicada apenas para representantes de empresas consolidadas, mas para pequenos empresários que desejam ampliar o negócio acessando o mercado internacional. “Também somos responsáveis pela emissão de certificados de origem e de livre venda, além de oferecermos cursos e treinamentos sobre comércio exterior”, diz.
É lei
Foi na gestão de José Claudio Pereira Neto, em 2001, que a realização de feiras e exposições, em Maringá, passou a ser regulamentada por lei. Segundo o texto, além das feiras livres, como a do Produtor, estão autorizadas no município aquelas que tiverem unicamente a finalidade de exposição, exceto as que fizerem parte do calendário oficial de eventos da cidade, como a Expoingá, as de iniciativa do município ou as promovidas pela ACIM ou Sivamar, já que as duas entidades representam os interesses do comércio e da indústria. Quaisquer outras iniciativas com caráter de venda no atacado ou varejo serão passíveis de multas, interdição e cassação de alvará da empresa promotora.