Artigos

Gestão eficiente para pequenas empresas

Gestão eficiente para pequenas empresas

483
visualizações
Aline Beatriz Caporusso Gomes, assistente de Qualidade do ENE: “são mudanças de hábitos que implementam nova cultura focada em processos e resultados”

Um de cada cinco pequenos negócios fecha as portas após cinco anos de atividade. Entre os Microempreendedores Individuais (MEIs) o número é ainda maior: um em cada três. É o que revela um estudo do Sebrae. Contribuem para esse triste cenário a falta de acesso ao crédito e problemas de gestão.

Uma outra pesquisa, agora da ACIM, confirma a necessidade de melhorias da gestão, já que um estudo do final de 2021 apontou que 79% dos empresários maringaenses gostariam de obter ajuda por meio de programa específico.

A partir dessa constatação, a entidade viu a necessidade – e a oportunidade - de criar um produto de gestão, com premiação e selo de qualidade. Foi assim que, em parceria com o Sebrae/PR, nasceu o programa Excelência no Nível Empresarial (ENE), lançado em abril. Já são mais de 50 micro e pequenas empresas participantes.

A assistente de Qualidade do ENE, Aline Beatriz Caporusso Gomes, explica que a proposta é exercer a razão de existir da Associação Comercial. “Queremos ser mais atuantes e eficientes na multiplicação de conceitos de excelência empresarial, promovendo desenvolvimento”, afirma.

Para isso, a equipe técnica da ACIM e consultores do Sebrae/PR elaboraram a metodologia baseada no Modelo de Excelência em Gestão (MEG), da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). A metodologia também tem embasamento na Filosofia Lean, no sistema Toyota de produção, na ISO 9001 e no Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act, ou em português, Planejar, Fazer, Verificar e Agir. “Mapeamos o que há de melhor no mundo em gestão”, enfatiza.

Aline cita que ao serem identificados esses fundamentos, cruciais para que as empresas atinjam excelência em gestão, foram selecionados nove pilares estratégicos: Processos sistêmicos; Gestão da informação, Conhecimento e comunicação; Liderança e gestão de equipe; Resultados e lucratividade; Visão estratégica; Gestão de relacionamento; Inovação e adaptabilidade; Sustentabilidade; e Cultura organizacional.

Divididos em três esferas, os pilares representam os níveis de maturidade da organização. Os cinco primeiros, por exemplo, compreendem a gestão básica para que o negócio seja sustentável, organizado e otimizado. “Já a segunda esfera, que abrange Inovação, Relacionamento e Sustentabilidade, é para obter gestão avançada com crescimento de forma estratégica e planejada”.

Por fim, a terceira esfera inclui apenas a Cultura organizacional porque se trata de um pilar que abrange todos os níveis e representa a etapa em que o negócio atinge maturidade. “Essa abordagem garante resultados consistentes pelo fato de estipular padrão de operação e de monitoramento, que garante visão assertiva. Ou seja, são mudanças de hábitos que implementam nova cultura focada em processos e resultados”, sintetiza a gerente.

Trilha de crescimento


Modelo de excelência foi testado por organizações mundo afora, apresentando resultados eficientes em negócios de diferentes tamanhos e setores, diz a consultora Patrícia Santini, do Sebrae

A consultora Patrícia Santini, do Sebrae/PR, ressalta que ter um caminho ou modelo de sucesso faz toda a diferença. “Ainda mais quando esse modelo de excelência foi exaustivamente testado em empresas de diversos setores e inspirado em modelos criados por organizações mundo afora, apresentando resultados eficientes em negócios de diferentes tamanhos e setores”.

Além disso, o conhecimento foi compilado em metodologia simplificada, que compõe uma trilha com duração de quatro meses, aplicada com o auxílio de consultores credenciados do Sebrae. “A ideia é proporcionar relatórios e análises sobre gestão e aprendizagem que auxiliem na melhoria contínua, conectando os participantes aos demais serviços da ACIM e do Sebrae”, esclarece Patrícia.

A participação na jornada, que custa R$ 600, compreende diagnóstico, seguido da elaboração do plano personalizado de ação. Depois, a equipe do Sebrae, composta por especialistas nos nove pilares acompanha o processo de execução por meio de consultorias individuais e workshops práticos. “Inclusive, profissionais especialistas do estado vão conduzir alguns workshops para que os participantes tenham acesso ao que há de melhor”, destaca.

Por fim, a etapa de auditoria verifica o desempenho das empresas, sendo que as que atingirem pontuação mínima - 65 de 100 - serão reconhecidas em cerimônia, com premiação e entrega de selo de qualidade. Nesta primeira edição, o evento será em outubro. “Estamos otimistas, e a expectativa é de que o programa ENE seja realizado anualmente, impulsionando o amadurecimento na gestão”, declara Patrícia.

O primeiro passo é acessar o site www.programaene.com.br e realizar o autodiagnóstico gratuito para identificar o nível da gestão. A resposta será enviada de forma automática por e-mail em alguns minutos, com os pontos de melhoria.

Mudanças e resultados


Agnaldo de Jesus Rossini, do colégio Mater Dei, contratou uma empresa de consultoria para ajudar na formatação de preços e indicadores financeiros, e agora, com o ENE, implantou régua de cobrança

O diretor financeiro do colégio Master Dei, Agnaldo de Jesus Rossini, buscava  auxílio há tempos e, por isso, optou por ingressar no diagnóstico mais minucioso do ENE, assim também poderia usufruir de acompanhamento e direcionamento para soluções específicas. “Tenho buscado ferramentas de gestão para o meu segmento. Estou com expectativas positivas porque sei do potencial do programa”, afirma.

Rossini tem feito mudanças na empresa desde 2013, quando passou a atuar na área administrativa e iniciou o projeto de crescimento estrutural e em gestão. Para isso, contratou uma empresa de consultoria. “Buscamos esse auxílio para a formatação de preços da mensalidade, para acompanhar mensalmente os números e alcançar baixo índice de inadimplência. Os resultados foram positivos”, conta.

O processo de melhorias, no entanto, precisava de continuidade e, por isso, Rossini aproveitou a oportunidade. “O lançamento do programa ENE coincidiu com a minha busca por ajuda”. Embora ainda esteja no início do atendimento, ele conta que está implantando as soluções sugeridas. Uma delas é na área financeira e consiste na utilização de régua de cobrança e de controles financeiros apurados. “Também estamos estudando a mudança do regime tributário”, acrescenta.


Programa ENE é coordenado pelo Inovus, da ACIM


Lucas Peron, do Inovus, que coordena o programa ENE: oportunidade para um salto na maturidade da gestão 

Inovações voltadas para a gestão compõem a essência da Inovus, hub de soluções da ACIM, e, por isso, o espaço de inovação foi escolhido para coordenar o programa ENE. De acordo com o presidente do Inovus, Lucas Peron, lá também são oferecidas conexões e teste de ideias para empresas de pequeno e médio portes. “A proposta do programa tem sinergia com o Inovus”, frisa. 

De acordo com ele, o trabalho tem sido realizado com foco em impulsionar o crescimento das empresas, tornando-as mais competitivas e sustentáveis. “Essa metodologia única privilegia empresas locais. Temos certeza de que será possível oportunizar um salto na maturidade da gestão”.

Peron destaca que as transformações estão mais rápidas e desafiadoras e, por isso, os negócios precisam desenvolver gestão e inovação para se manterem competitivos. “O programa fará toda a diferença porque aborda todos os pilares da gestão e oferece suporte na implementação de ações. Isso tudo com um custo simbólico e subsidiado pela ACIM e Sebrae”, declara.