No mercado desde 2005, o Baco Espaço
Gastronômico, assim como a cadeia de bares e restaurantes, sentiu fortemente os
impactos da pandemia. Proprietário de outros três estabelecimentos na cidade, o
grupo que administra o restaurante precisou fazer 80 demissões e mesmo com a
retomada das atividades, vê o movimento até 70% mais baixo. “A pandemia pegou
todos de surpresa, não tivemos tempo para nos preparar, além disso, veio à tona
um problema que talvez a maioria dos empresários esteja enfrentando: a falta de
reserva financeira, principalmente para os restaurantes, que têm um fluxo de
caixa dinâmico, por terem estoques perecíveis”, afirma o gerente de operações,
Diego Pavan.
No entanto, o Baco foi atrás de novas
oportunidades e antecipou o projeto ‘Baco em Casa’, uma caixa com os
ingredientes para reproduzir um prato do restaurante. “Enviamos as instruções
de preparo e um link para acessar uma playlist que toca no restaurante.
Nossa intenção é que mesmo em casa, o cliente possa ter uma experiência gastronômica
de alta qualidade”, afirma.
Para viabilizar o projeto, o restaurante lançou
um site exclusivo para a venda dos itens na caixa. Lá o cliente vê as opções,
que vão de entradas a pratos principais
aos vinhos e sobremesas, combina a forma de pagamento, e recebe tudo em casa ou
retira no restaurante. “Estamos contentes com o feedback. Temos visto o
prazer das pessoas de estar na cozinha e servir um bom prato, e também a
curiosidade de quem não experimentou, por isso, temos planos de oferecer novas experiências.
Acredito que esse é um produto que pode ser mais explorado, afinal, muita gente
redescobriu o prazer de estar em casa. Por que não acrescentar qualidade e
sofisticação e tornar um momento em família mais especial? Esta é a nossa
proposta”, finaliza.
Para crianças
Quem também precisou reinventar sua atividade
foi Dayane Dalquana da Silva, da Hora do Biscoito. Ela trabalha há oito anos
com a produção de biscoitos artesanais decorados para festas infantis,
batizados e casamentos e, desde a suspensão dos eventos, tem sentido os
impactos no faturamento. “Na Páscoa, por exemplo, meu rendimento foi de apenas
um terço do previsto”, lembra.
Outra fonte de renda eram oficinas de decoração
de biscoitos para crianças, que aconteciam nas férias de julho. “Todo sábado à
tarde atendia cerca de oito crianças, mas com a pandemia, foi impossível pensar
nisso neste ano”, lamenta. A ideia para contornar a situação foi, assim como
fez o Baco, levar a experiência para casa, afinal, com as crianças sem irem
para escola, os pais têm buscado alternativas para entretê-las com segurança.
Foi aí que surgiu a ideia de vender os itens usados na oficina em uma caixa.
Com formação em Pedagogia, Dayane capricha para
deixar tudo o mais lúdico. Além dos biscoitos, ela envia seis opções de glacês
coloridos, confeitos comestíveis, touca, avental personalizado com o nome da
criança e uma cartinha feita para o confeiteiro aprendiz. “Também tem a opção
para irmãos, com mais biscoitos e glacês, dois aventais e duas toucas”, diz.
Para não passar em branco
Outro segmento que sentiu fortemente a suspensão
dos eventos foi o de artigos para festas e decorações. Na Viva Festa e Viva
Decor, a pandemia causou queda expressiva no faturamento. Tanto que na loja de
artigos para festas, que tem 20 anos de mercado, a equipe sofreu uma redução
temporária de 30%. Já na loja de decorações, o impacto foi maior: 35% de cortes
e 15% de suspensões temporárias.
Atualmente com 37 funcionários, as duas lojas
buscaram alternativas para não deixar tantas datas comemorativas passarem completamente em branco. “Na Viva Festa
Artigos, o delivery foi um grande aliado. As vendas por Whats com
entrega aumentaram expressivamente, também começamos a oferecer opções mais
direcionadas a pequenas comemorações, fizemos promoção de buquê de balões a
gás, que é um item decorativo que está em alta, e tivemos um resultado muito
positivo”, afirma a produtora de eventos,
Alana Della Coletta.
Já na Viva Decor, o caminho para driblar a crise
foi criar minikits para comemorações em casa com valores especiais. “As pessoas
estão fazendo pequenas mesas, somente com os familiares, para as datas
importantes, e a decoração é um item essencial para ter um registro lindo do
momento”.
Com a chegada dos meses de festas caipiras, as
lojas se uniram para preparar um kit junino, pensando nas pessoas que não
querem deixar a tradição de lado e festejar em casa. “Em outros anos atendíamos
escolas, empresas e grupos de amigos, o que gerava um aumento expressivo nas
vendas de itens sazonais, mas neste ano prevíamos um consumo atípico, por isso,
diminuímos o volume de compras e pensamos em uma alternativa diante do
momento”.
O kit é composto por itens decorativos como
girassóis, espantalhos, espigas de milho, feno, bandejas, suportes para
acomodar docinhos típicos e bandeirinhas. “A comemoração em casa tem sido
diferente dos anos anteriores, em que tinha dança, brincadeiras e aglomeração.
Agora os focos são as comidas típicas e trajes improvisados para comemorar.
Tudo feito de forma singela, mas com carinho e alegria”.
Mãos à obra
Um dos efeitos da pandemia do coronavírus foi o
fechamento da loja colaborativa do Núcleo Ipê Criativo, que faz parte do
programa Empreender da ACIM. A loja foi inaugurada em novembro no Mercadão de
Maringá e apesar de ter nascido como um projeto temporário, estava demonstrando
que era rentável, o que alimentou o desejo das artesãs de manter a loja. Mas a
pandemia abreviou o sonho e a loja precisou ser fechada em março, logo após o
anúncio do primeiro decreto que suspendeu as atividades comerciais não
essenciais.
Foi nas redes sociais que as integrantes do
núcleo se reorganizaram e encontraram uma forma de estar na ativa. Às terças e
quintas-feiras elas se revezam em frente à câmera do celular para dar dicas e
ministrar oficinas com transmissão pelo perfil do núcleo no Instagram -
@nucleo_ipecriativo. Até o fim de junho foram 11 conteúdos.
Sheila de Sousa, que é vice-conselheira, ficou
responsável por ensinar como se faz um suporte para plantas de macramê. “Tem
sido interessante estimular as pessoas que estão em casa a fazer algo novo,
como um trabalho manual”, diz. Ainda teve oficina de como montar arranjo de
suculentas em vidro, como arrumar a mesa, como cuidar e limpar peças de feltro,
e outros temas.
Outra ideia das artesãs para divulgar o trabalho
do grupo e aquecer as vendas foi fazer sorteios, vitrines online e leilões
pelas redes sociais. Após um lance mínimo, os visitantes do perfil podem
ofertar valores até que o item seja arrematado. As artesãs também passaram a
compartilhar suas histórias e trajetória profissional. “Com essas ações, temos
conquistado seguidores, divulgado nosso trabalho e nos reinventado. A intenção
é manter a chama da criatividade e do empreendedorismo em nós”, diz.