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“São 550 voluntários para liderar”

“São 550 voluntários para liderar”

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Eleito no ano passado por chapa única, José Carlos Barbieri assumiu, em 13 de janeiro, a presidência da ACIM para a gestão 2023/2024. Ele ocupa o cargo deixado por Michel André Felippe Soares, agora presidente do Conselho Superior da entidade, numa transição carregada de simbologia. 

“O Michel foi meu aluno há 27 anos no terceiro colegial. Foi gratificante receber o convite para sucedê-lo na presidência da entidade”, confidencia Barbieri, que acumula a presidência com os cargos de reitor do Centro Universitário Cidade Verde (UniCV) e diretor-geral do Colégio Axia, além de ter sido presidente do Sinepe/NOPR e do Codem. 

Outro ponto de convergência entre o ex e o atual presidente é o início da trajetória de ambos na ACIM. Assim como Michel, que entrou como voluntário no Copejem e fez história ao se tornar o primeiro presidente da entidade oriundo do conselho, Barbieri é remanescente do grupo de jovens empresários. 

De lá para cá são 22 anos de dedicação e trabalho voluntário como diretor da Associação Comercial. Experiente, Barbieri se mostra empolgado com o novo desafio. “Suceder um presidente que fez uma gestão focada na formação de lideranças, em metas e indicadores é uma honra”.

O que o motivou a abraçar o desafio de presidir a ACIM?

Comecei no Copejem, e ao atingir a idade para sair do conselho, o presidente Ariovaldo Costa Paulo me chamou para assumir o Instituto para o Desenvolvimento Regional (IDR – hoje extinto). Foi um grande aprendizado porque trabalhávamos com projetos não só para Maringá, mas para a região. Quando saí do IDR, assumi o conselho editorial da Revista ACIM e fiquei dez anos, aproximadamente, até ser convidado pelo Michel Felippe para assumir a vice-presidência para assuntos de Educação na primeira gestão dele. Na segunda gestão, o Rodrigo Fernandes [que havia assumido a revista] se mudou para Curitiba, acabei voltando para a revista e acumulando as duas funções. Nesse período fiquei mais próximo do Michel, em especial durante a pandemia, porque trabalhei pela reabertura das escolas. No ano passado, ele me convidou para sucedê-lo, conversei com a minha família e sócios e aceitei. Estou aprendendo muito sobre associativismo e sobre o funcionamento dos departamentos da ACIM e dos relacionamentos com os voluntários, sociedade civil organizada e políticos. Somando, são 550 voluntários para liderar. Na verdade, todos são líderes e referências em suas atividades econômicas. É uma equipe preparada, principalmente os executivos da ‘casa’ que estão há muito tempo dando suporte para a diretoria trabalhar com tranquilidade. 


A ACIM chegou à marca dos 5 mil associados e a meta é aumentar em 10% neste ano. Quais estratégias pretende adotar para alcançar este crescimento?

Cresceremos 10% a partir do momento que prestarmos serviços e, para isso, precisamos melhorar a comunicação, estar mais próximos do pequeno e do médio. E como fazer isso? Primeiro, fazendo uma pesquisa para saber o que o pequeno e o médio esperam de uma associação como a ACIM, que é referência nacional no associativismo e em inovação. É preciso ouvir os associados, principalmente neste momento de pós-pandemia. Afinal, tudo mudou nos últimos anos. Depois, a diretoria vai analisar as demandas e estudar propostas. Também é importante manter uma comunicação eficaz para os associados saberem o que estamos fazendo. Recentemente fizemos campanha pelo não aumento do número de vereadores. No momento estamos realizando uma campanha em relação às pessoas em situação de rua, o que preocupa muitos comerciantes. Não vamos resolver o problema, porque é complexo, envolve leis, direito de ir e vir, políticas assistenciais e de encaminhamento para tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de formação para o mundo do trabalho. O nosso intuito é fortalecer e ajudar entidades que atuam ou que possam atuar nesta frente, seja com doações de alimentos não-perecíveis, roupas, cobertores, materiais de higiene pessoal e escolares.


E como deve ser a atuação na sociedade maringaense?  

A ACIM sempre foi uma entidade de referência em questões locais e até nacionais, e continuará sendo. Esse é o grande legado de todos os ex-presidentes. Maringá tem indicadores ótimos que nos colocaram como a melhor cidade para se viver, criar os filhos, uma das melhores para fazer negócio. Para nos manter, precisamos continuar trabalhando em parceria com outras entidades, como Codem, Observatório Social, Instituto Cultural Ingá, Conseg, entre outras. Na gestão do Michel Felippe houve mobilização pela duplicação da rodovia Maringá-Iguaraçu e foi feito o asfalto no entorno do Hospital da Criança. Durante a pandemia fizemos a doação de equipamentos, roupas, luvas, máscaras e álcool para Maringá e região. Há um projeto para ajudar a resolver o gargalo do viaduto entre Maringá e Sarandi no Contorno Norte. Fomos procurados pela Secretaria do Estado e estamos discutindo e tentando viabilizar o pagamento do projeto da obra. 

Falando de planejamento, como está o Masterplan?

Estive na presidência do Codem durante um ano e ainda estou na Plenária e no Comitê Gestor. Tudo que foi planejado até 2020 foi feito, assim como o planejamento para 2030. Hoje estamos planejando 2047. Sete câmaras técnicas estão debruçadas sobre os projetos propostos pela consultoria PwC, dando continuidade ao trabalho para que Maringá chegue em 2047 como referência não só para o Paraná e o Brasil, mas para o mundo.


Como a ACIM pretende incentivar a inovação entre os empresários?

Sou da área de Educação e sei que não dá para avançar, não dá para crescer numa empresa se não tiver inovação no DNA e no dia a dia da empresa. Por isso queremos que no Inovus – espaço de inovação - ocorram ideações, hackathons, testagem de ideias, queremos realmente estar inseridos neste ecossistema. Nossa intenção é trazer o empresário para cá e, a partir do problema relatado por ele, fechar parcerias para buscar soluções. O Inovus também é um espaço para nos aproximar da academia. A ideia é trazer as faculdades para cá e mesclar teoria e prática. 


Também está prevista a ampliação da Escola de Negócios em mais de 20% em 2023. Como chegar a esta marca?

O empresário sofre com a mão de obra, que não é atualizada para o mundo do trabalho. Estando do outro lado, formando profissionais, isso sempre me preocupou. Falo para os nossos diretores, coordenadores e professores: ‘temos que sair da sala de aula, temos que nos aproximar do setor produtivo. Isso significa fazer visitas técnicas, levar os alunos para conhecer e vivenciar as empresas, ofertar curso de extensão. Mas ainda assim a academia não tem a mesma velocidade do mercado. A Escola de Negócios pode ajudar a suprir essa lacuna ofertando formação continuada por meio de cursos, em especial na modalidade in company. A empresa pode vir à ACIM, apresentar a sua demanda e vamos conectá-la a instrutores especialistas. Ou seja, os empresários poderão usar a Escola de Negócios para dar formação continuada a seus colaboradores. 


Há intenção de fomentar o crédito para pequenas e médias empresas? 

Durante a pandemia, a Noroeste Garantias emprestou mais de R$ 100 milhões, principalmente para as pequenas empresas. Temos ainda a Fomento Paraná, que oferece linhas de crédito para este público. Está no nosso radar trazer o BRDE [Banco Regional de Desenvolvimento Econômico], porque há muito dinheiro disponível. Já fizemos uma reunião, em Curitiba, com o presidente do banco que contempla Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Temos um convênio assinado e a intenção é que o banco venha para cá oferecer linhas de crédito para os empresários. 


Um dos primeiros compromissos como presidente foi uma viagem para Nova Iorque para visitar a NRF 2023. Qual a importância dessas missões internacionais?

Essas missões são importantes. A NRF 2023 foi uma surpresa positiva. Tivemos a oportunidade de conhecer e ver na prática referências mundiais do varejo. Observamos, por exemplo, que ninguém está falando do metaverso neste momento. O foco agora é fazer o simples para atrair o cliente, que lá é chamado de convidado. Porque, afinal, quando um convidado vai a sua casa, você estende o tapete vermelho, usa a melhor louça, serve a melhor comida. A lógica é a mesma no varejo, ou seja, tem que dar ao cliente as melhores opções e conveniência. Um exemplo bacana que vi foi de uma marca feminina caríssima, que tem loja na 5ª Avenida. As mulheres querem consumir a roupa desta marca, mas aquelas que consomem não usam várias vezes a mesma peça. Para que essas roupas não fiquem abandonadas nos guarda-roupas, a loja está recomprando e revendendo. É um brechó de luxo. Esta é a inovação da marca, é desta maneira simples que ela está cuidando da sustentabilidade e fazendo a economia circular. Isso mostra que uma solução criativa pode não envolver, necessariamente, a tecnologia. 


Qual é o sentimento de estar à frente da ACIM? 

Nunca imaginei ser presidente da ACIM, a maior entidade civil organizada de Maringá. É uma associação referência e respeitada localmente e nacionalmente, uma associação tradicional e com um legado de 34 presidentes que fizeram a diferença na cidade. Me sinto honrado e, também, preocupado em conseguir atender os nossos mais de cinco mil associados. Quero manter a entidade como referência quanto ao respeito, à inovação, ao associativismo e ao envolvimento em questões da comunidade. E, também, quero ajudar nossos associados e reconhecer aqueles com histórias e gestões marcantes. Dentro dos conselhos, quero fomentar a formação de líderes empresariais para o futuro muito próximo.