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Entrevista com Ratinho Junior

Entrevista com Ratinho Junior

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Quem é?

Ratinho Junior

O que faz?

Político, empresário e comunicador

É destaque por?

Governar o Paraná

Vacinas, pedágio e aulas

Até o final de maio o Paraná havia aplicado 3,4 milhões de doses de vacina contra a covid-19. Foram 2,3 milhões de primeiras doses, o equivalente a cerca de 50% dos prioritários e a 23% da população, e 1,1 milhão de segundas doses. Índices muito abaixo do esperado pelos paranaenses e até mesmo pelo governador Ratinho Junior. 

“Nossa estimativa era vacinar o grupo prioritário, estimado em cerca de 4,8 milhões de pessoas, até o meio do ano. Mas, para isso, precisamos de vacinas”, lamentou o governador, acrescentando que o estado tem expertise em vacinar rapidamente a população tão logo os imunizantes estejam disponíveis. 

Enquanto a vacina não chega para todos, a gestão da saúde continua sendo um desafio árduo e diário. “A luta contra o vírus é duríssima”, afirmou Ratinho Junior que, no final de maio, endureceu as medidas restritivas na tentativa de frear o avanço da doença. Na entrevista, ele fala sobre este assunto, investimentos e contratos de pedágio:

O Paraná, a exemplo de outros estados, viveu recentemente um colapso na saúde devido a escalada dos casos de Covid e mortes. De que forma o estado trabalha para não reviver este colapso? 

A gestão da saúde é um desafio diário. Tivemos um trabalho efetivo de testagem, ampliando a possibilidade de bloqueio e rastreio de casos. Além disso, abrimos mais de 1,9 mil leitos de UTI e 2,8 mil de enfermaria. Em 30 anos, o Paraná tinha 1,2 mil leitos de UTI. Ou seja, mais que dobramos a estrutura na pandemia, apenas para pacientes com covid-19. Não optamos por hospitais de campanha, porque nossa estratégia foi investir em hospitais de concreto, agilizando obras de três hospitais regionais. Firmamos parcerias com os hospitais privados e filantrópicos, custeando leitos e estruturas. Mesmo assim pessoas adoeceram e morreram. Nos solidarizamos com cada família, com cada paranaense que perdeu a vida.

Medidas mais restritivas podem ser novamente adotadas?

Todos os dias os números e os cenários epidemiológico e de estrutura de leitos são avaliados pela equipe da saúde. O estado fez medidas restritivas, que geram efeitos em todas as regiões. E por vezes as regiões têm cenários diferentes, e não podem ser tão penalizadas quanto as outras. Da mesma forma, municípios têm feitos decretos pontuais em conformidade com a sua realidade. O importante é a colaboração de todos. 

É grande a expectativa pela imunização de todos os paranaenses contra a Covid-19. Como está o cronograma de vacina?

Conseguimos fechar a vacinação dos idosos, avançamos na imunização de pessoas com comorbidades, puérperas, gestantes e pessoas com deficiências, e iniciamos os trabalhadores da educação. Temos expertise e capacidade para vacinar rapidamente nas 1.850 salas de vacinação. Precisamos apenas das doses. O que deu certo também é a vacinação de domingo a domingo.

Escolas estaduais estão retomando as aulas presenciais e as universidades estaduais ainda estão sem previsão de retorno. será possível recuperar o prejuízo educacional destes alunos? 

Centenas de alunos da rede estadual estão voltando gradativamente às aulas presenciais. Foi adotado o modelo híbrido de ensino, em que parte dos alunos participa das aulas presencialmente, em sala, enquanto os demais acompanham remotamente, vendo as aulas ao vivo. Os espaços estão equipados com computadores e internet, possibilitando que os professores interajam com os dois grupos. Iniciamos essa volta com cerca de 10% das escolas para acompanharmos o cumprimento dos protocolos indicados pela Secretaria de Estado da Saúde. Na medida em que observarmos a segurança desse grupo, ampliaremos o retorno até chegar a 100% da rede. Os alunos que optarem por não ir às aulas presencialmente continuarão no ensino remoto. Atualmente, podemos dizer que todos os professores são formados em tecnologia, e essa formação acontece de duas formas. Primeiro, a partir de lives e treinamentos das turmas e dos Núcleos Regionais de Educação. E também por meio do programa Formadores em Ação, que são cursos ministrados pelos próprios professores. Selecionamos esses docentes por meio de prova e vídeo, em que avaliamos a capacidade de interagir com os colegas. No Paraná são mais de mil nesta condição, que ajudam a formar mais de 20 mil profissionais da rede estadual. Com relação ao ensino superior, as atividades práticas estão ocorrendo presencialmente em praticamente todos os cursos das universidades estaduais. Isso tem sido uma espécie de projeto-piloto. Quanto ao retorno pleno é preciso ter cautela porque os alunos residem em diferentes cidades do Paraná e até fora. Precisam organizar suas vidas com contratos de aluguel, mudança de cidades etc. Não podemos retornar e logo em seguida voltar a suspender. De todo modo o assunto vem sendo discutido.

O governo estuda novo incentivo para a criação de empregos e recuperação de negócios? 

Apesar dos problemas pontuais em alguns setores, há confiança dos empresários na retomada da economia no Paraná. Há um bom ambiente de negócios e estamos estimulando o mercado com pacotes econômicos e investimentos públicos. A geração de empregos no Paraná tem sido destaque nacional. O estado encerrou o primeiro trimestre com 78.484 novas carteiras assinadas, quarto maior saldo de contratações do país. O resultado é o melhor do estado para o período desde 2004. 

“O Tecpar protocolou no Ministério da Saúde um projeto para o desenvolvimento de uma planta multivacinas para atender o Programa Nacional de Imunizações (PNI). A implantação poderá ser viabilizada pelo Ministério da Saúde”

O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, enviado à Alep, prevê deficit de R$ 4,3 bilhões. Como equilibrar as contas e reduzir os impactos destes gastos? 

O cenário econômico brasileiro continua bastante volátil. A LDO foi elaborada com base em um cenário baseado nos números de 2020 e com as previsões do mercado para a economia, tendo em vista os reflexos da pandemia sobre a atividade econômica e o aumento de despesas com saúde e assistência social. No primeiro quadrimestre, porém, a arrecadação de ICMS, IPVA e ITCMD vem apresentando resultados ligeiramente acima do previsto na LDO de 2021, o que diminui a necessidade de suplementação de despesas. Assim, estamos monitorando o cenário até a data de elaboração da LDO de 2022, que precisa ser encaminhada ao Legislativo em setembro, para ver se a previsão de deficit se mantém. 

Qual modelo de concessão o governo entende ser o mais adequado para atender as reivindicações dos paranaenses no que diz respeito a tarifas de pedágio justas e rodovias de qualidade? 

Recentemente estive em Brasília e lá defendi a necessidade da implementação de um modelo de pedágio que respeite o anseio da sociedade pela menor tarifa, sem outorga. O governo federal deve fazer mudanças e apresentar uma nova proposta. Reforçamos o desejo dos paranaenses por uma tarifa mais baixa, com a execução de obras e que o leilão ocorra na Bolsa de Valores de São Paulo, com a maior transparência possível. 

Em relação à duplicação da PR-323, há previsão de licitação de novo trecho?

Além do trecho entre Doutor Camargo e o Rio Ivaí, está em andamento a duplicação em Umuarama, do trevo Gauchão até o entroncamento com a PR-468, e foi assinado contrato recentemente para implantação de terceiras faixas nos segmentos críticos entre Doutor Camargo e Iporã. As três obram totalizam um investimento de R$ 163 milhões. A nova concessão de pedágio prevê a duplicação entre Doutor Camargo e Iporã, e faixas adicionais entre Iporã e Guaíra. É preciso aguardar a conclusão desses procedimentos para saber o que será contemplado antes de avançar no planejamento para a rodovia.

Sobre a duplicação da PR-317, entre Maringá e Iguaraçu, cujo anteprojeto foi doado pela ACIM, quando deve começar a obra? 

A licitação segue os prazos previstos em legislação, e há um período necessário para a empresa organizar os documentos para a assinatura de contrato, mas a perspectiva é começar a obra ainda este ano ou no início do ano que vem.

E o trevo Catuaí, na saída de Maringá para Paranavaí, há previsão de quando o projeto deve sair do papel? 

A prefeitura de Maringá providenciou um novo projeto para a execução de interseção em desnível no Trevo do Catuaí, que será analisado pelo DER/PR. Uma vez aprovado, iniciam-se os trâmites para licitar a obra.

As obras do Hospital da Criança estão praticamente concluídas, mas faltam os equipamentos. Como está esse processo?

O estado aportou recursos para a continuidade da obra. Foram mais de R$ 125 milhões, o que vai auxiliar também nos equipamentos. O estado vem ajudando, mas precisamos conciliar com algum tipo de financiamento federal para assegurar o pleno funcionamento da estrutura. Estamos dialogando neste sentido.

Pretende tentar a reeleição em 2022?

Estou focado em trabalhar pelo Paraná, pôr em prática o projeto que construímos. Ainda é cedo para falar sobre eleições, mas se for da vontade do povo paranaense, estou disposto a continuar no comando do Estado.