Artigos

Novo futuro para a mobilidade metropolitana

Novo futuro para a mobilidade metropolitana

138
visualizações
André Ribeiro, empresário: “essa infraestrutura permitirá a criação de um corredor de transporte rápido e eficiente, conectando Maringá, Sarandi e Paiçandu”

O planejamento urbano enfrenta diversos desafios em todo o mundo, em especial no Brasil, onde a maioria da população reside em áreas urbanas e os locais de moradia, de trabalho e de lazer estão separados espacialmente. Carros, motos e caminhões circulam pelas avenidas, enquanto bicicletas e patinetes disputam ciclovias, calçadas e ruas com os pedestres. 

O crescimento acelerado dos centros urbanos, associado às alterações climáticas e à sustentabilidade, coloca, inevitavelmente, a mobilidade urbana como fator para melhorar a perspectiva nas grandes cidades e adjacências. Neste contexto, múltiplas vias e o transporte coletivo se apresentam como ferramentas importantes para trazer fluidez, sustentabilidade e eficiência nos deslocamentos da população. 

Tanto que há uma mobilização para tirar do papel um projeto de implantação da ligação rodoferroviária entre Sarandi, Maringá e Paiçandu, que concentram mais de 800 mil habitantes e 260 mil veículos. A proposta prevê 7,2 quilômetros de rebaixamento ferroviário e 14 quilômetros de vias rodoviárias marginais, além de 22 viadutos de transposição e duas passarelas entre os dois municípios. Além disso, foram projetados seis tabuleiros e 12 estações-tubo para Bus Rapid Transit (BRT), 126 mil metros quadrados de muros de contenção e duas estações subterrâneas. Também foram estudadas desapropriações e 1,46 milhão de metros cúbicos de bota-fora de entulhos. 

“Estamos falando em viabilizar o rebaixamento da linha férrea passando por toda a área urbana de Sarandi e em viabilizar uma nova rota para veículos de rodagem. Haverá uma avenida paralela à Colombo para distribuir o fluxo de veículos leste-oeste da região metropolitana, que hoje está 99% concentrado na avenida Colombo”, pontua o empresário Jefferson Nogaroli. 

Ao falar sobre a importância do projeto, ele destaca a possibilidade de integração com o transporte rodoviário intermunicipal ou metropolitano existente. “Viabilizando este eixo de transporte rodoferroviário, dá para interligar Mandaguari, Marialva, Sarandi, Maringá e Paiçandu e, com isso, baratear o custo do transporte de passageiros”. 

O empresário André Ribeiro, envolvido na proposta desde a fase inicial, explica que o rebaixamento e expansão da linha férrea existente em Maringá liberará espaço para a construção paralela de vias expressas, ciclovias e estações de transporte público. “O rebaixamento proporcionará vias rodoviárias de alto fluxo. Será uma nova artéria rodoviária metropolitana. Essa infraestrutura permitirá a criação de um corredor de transporte rápido e eficiente, conectando Maringá, Sarandi e Paiçandu e desafogando o trânsito atual, concentrado principalmente na avenida Colombo. Por mais ampla que seja a Colombo, com o fluxo concentrado em um só lugar, dificilmente haverá redução do trânsito, daí a relevância da proposta por meio da diluição dos canais de fluxo na região metropolitana”.

Um dos pontos fundamentais é a previsão de implantação de um sistema BRT, com faixas exclusivas para ônibus e estações modernas, além da promoção da utilização de bicicletas como meio de transporte, com a construção de ciclovias seguras e integradas ao sistema de transporte público.

“A implementação deste projeto trará benefícios para a região, como a redução do tempo de deslocamento, a diminuição da poluição atmosférica e sonora, a revitalização e valorização da ampla área urbana do entorno envolvido no projeto, melhoria da qualidade de vida e o estímulo ao desenvolvimento econômico. Além disso, a criação de um sistema de transporte integrado e eficiente contribuirá para a construção de cidades mais justas e sustentáveis”, observa Ribeiro, que é voluntário da Acim e do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), 

O presidente da Acim, José Carlos Barbieri, também vê o projeto como necessário, porque vai impactar na qualidade de vida dos colaboradores de empresas de Maringá que moram nas cidades vizinhas e trará melhorias no fluxo de carros, caminhões, de motos e de pessoas na região metropolitana de Maringá.


Viabilidade

Para que a obra saia do papel, é preciso unir esforços público, privado e envolver a comunidade. Por isso, a sociedade civil se organizou, contando com apoio de entidades, e o contrato do projeto “Linha férrea com implantação de marginais no perímetro urbano de Sarandi/PR e Maringá/PR – EF-369” foi realizado por meio da Acim junto à Infras Engenharia. Para viabilizar o anteprojeto, orçado em R$ 900 mil, foi criado um consórcio entre empresários para a arrecadação do dinheiro. 

O projeto conta com 19 estudos concluídos, entre os quais estão os estudos topográficos, geológicos, hidrológicos, geotécnicos, anteprojetos de iluminação, de pavimentação e orçamento da obra.

A execução está prevista para ocorrer de forma segmentada em três lotes. O primeiro trecho começa na avenida Tuiuti, exatamente no ponto onde se inicia o rebaixamento existente em Maringá e segue até a rua Nave em Sarandi. O segundo lote interliga a rua Nave e a avenida Higienópolis em Sarandi. Por fim, o último trecho fará a ligação entre a avenida Higienópolis até as proximidades da rua José Senhorini. 

Quanto aos recursos para o custeio da execução do projeto, a intenção é que haja articulação política por meio de emendas parlamentares, o que já vem sendo realizado pelas entidades envolvidas. O valor estimado do investimento da obra é de R$ 1 bilhão.