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Networking, estratégia para alavancar negócios

Networking, estratégia para alavancar negócios

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Renan Rossi, da Potencializou:  “usamos nossa carteira de contatos para prospectar. Foi fundamental quando estava começando e não tinha dinheiro”

Termo em inglês incorporado ao vocabulário brasileiro, o networking indica ideia de ação contínua, podendo ser definido como o ato de criar – e de cultivar – uma teia de contatos com interesses em comum. Não se trata apenas de obter vantagens, mas de trocar experiências que retroalimentam a relação. O contato pessoal é um diferencial. 

Evidência da relevância da atividade vem da esfera profissional. Notícia divulgada no blog do Linkedin, plataforma de mídia social focada em negócios e emprego, destaca pesquisa da consultoria The Adler Group com cerca de 3 mil pessoas que revela que 85% das vagas de emprego são preenchidas por meio de networking.

A importância de uma boa rede de contatos não é diferente no meio empresarial e em outros círculos. Foi o que o empresário Renan Rossi percebeu desde a vida acadêmica. Ele estudava Engenharia de Produção na Universidade Estadual de Maringá (UEM) quando buscou contato com empresários para fomentar a empresa júnior da qual fazia parte, a Dinâmica Consultoria. 

Como estudante, frequentou o Copejem, em 2020. Nas reuniões do grupo, aprendeu sobre liderança, inspirando-se em histórias de empresários de sucesso. Assim que abriu a Potencializou, agência de marketing voltada para performance, Rossi participou do processo para ingressar novamente no Copejem, mas agora como empresário. “Ainda que a finalidade principal do Copejem não seja somente networking, conhecemos pessoas que nos ajudam a fazer contatos ou se tornam clientes”, diz. 

Rossi também participa de eventos como rodada de negócios na Acim, de feiras no ramo em que atua e faz parte do BNI (Business Network International), iniciativa privada que reúne empresários de diversos segmentos para provocar conexões e negócios. “Via Copejem e BNI vieram negócios e parcerias. Mas participo com o intuito de agregar conhecimento para mim e para os colegas. Os negócios são consequência.”

O empresário conta que o networking é o principal canal de vendas do negócio que começou com três pessoas e nenhum cliente em 2021. Hoje são 15 colaboradores e a empresa já atendeu  mais de 120 clientes, entre eles uma das maiores imobiliárias de Maringá. “Usamos nossa carteira de contatos para prospectar. Foi fundamental para mim quando estava começando e não tinha dinheiro”.


Múltiplas conexões



Frederico Bortoluzzi, da IT44 Destilaria, participa de feiras e do Copejem: “networking dá resultado, principalmente para quem é micro”

No caso da IT44 Destilaria, o networking também está no DNA do negócio. O empresário Frederico Bortoluzzi decidiu abrir uma fábrica de bebidas após ser incentivado por Natanael Carli Bonicontro, engenheiro químico e fundador da Cachaça Companheira. 

Bortoluzzi aprendeu a fazer contatos quando ainda era estudante de Engenharia Química na UEM, já que após um curso de microdestilação procurou estágio na Companheira, em Jandaia do Sul. “Comecei a fazer bebida destilada no fundo de casa, estagiei em uma empresa premiada. Fiquei amigo do engenheiro químico, que me ensinou muito. Foi ele quem me estimulou a abrir um negócio quando retornei ao Brasil”, conta.

Depois do “empurrãozinho”, Bortoluzzi montou a fábrica na Incubadora Tecnológica de Maringá, ficando lá até 2022. Hoje, possui fábrica em Floraí, onde trabalha com a família. Os produtos artesanais são distribuídos para Maringá e em outros estados, além de serem comercializados pela internet para o consumidor final. 

Segundo o empresário, uma das principais barreiras para  expandir foi a falta de contatos. Ele explica que como vivia em ambiente acadêmico, era pouco conhecido no varejo, o que vem mudando com a aposta em estratégias para criar conexões. “Passei a frequentar outros lugares como grupos de networking, para mais pessoas me conhecerem. Entrei para o Copejem para me qualificar e, por consequência, tornei meu negócio mais conhecido.”

A participação em feiras tem sido uma das principais estratégias. Ele marca presença no Festival Nipo Brasileiro para trabalhar a experiência de marca, no Festival da Cachaça de Jandaia do Sul, onde o público é formado principalmente por distribuidores, e no Mega Outlet Ponta de Estoque, com público diverso que é convidado a uma experiência no estande para conhecer licores, vodcas, gin, entre outras bebidas. “O contato é importante com indústrias, distribuidores, consumidores finais, bares, restaurantes, empórios, realizadores de eventos. As feiras são uma maneira mais fácil de chegar ao cliente e parceiro. O networking dá resultado, principalmente para quem é micro.”


Espaço para relacionamento 



Lucas Peron, vice-presidente da Acim: “queremos que os empresários conheçam outros que possam ajudá-los a se desenvolver, a potencializar os negócios, a resolver problemas e tirar dúvidas”

Vice-presidente da Acim para assuntos de Inovação e Capacitação e à frente do Inovus, espaço de inovação da Associação Comercial, Lucas Peron é um entusiasta da construção de relacionamentos profissionais e empresariais. Em sua experiência, vê a prática como uma forma rápida de obter e de compartilhar informações. “Sozinhos, possivelmente levaríamos mais tempo para ter acesso a lugares e conhecimento.” Ele vê a estratégia como associativista, tendo em conta que a troca promove atalhos e menos erros para os envolvidos que não necessariamente esperam algo em troca para ajudar. 

O Inovus oferece soluções para o dia a dia das empresas, programa de excelência em gestão empresarial, conexões com mentorias e rodadas de negócios que já registram mais de 600 participantes – uma única empresa da área de eventos fechou seis negócios em apenas uma das 35 edições das rodadas. 

Outra iniciativa é o Teste Sua Ideia, que fomenta ideias de negócios por meio de suporte e mentorias, bem como a criação de pontes com potenciais parceiros e clientes. Entre os casos de sucesso está uma startup do agronegócio que chegou com a ideia, buscou a formalização, entrou para a Evoa aceleradora e hoje tem clientes em diversas regiões. “Ao proporcionar conexões, queremos que os empresários conheçam outros que possam ajudá-los a se desenvolver, a potencializar os negócios, a resolver problemas e tirar dúvidas. Durante o ano, temos vários momentos para gerar essa aproximação com parceiros dos conselhos da Acim, Sebrae, núcleos setoriais e Cocamar.”


Prospecção internacional



“Não dá para prospectar negócios somente buscando no Google, pois isso limita, não gera o olho no olho, relacionamento e conhecimento”, diz  Aluizio Andreatta, do Instituto Mercosul

Embora a internet seja um canal importante, para o presidente do Instituto Mercosul, Aluizio Andreatta, não há maneira melhor de sensibilizar um potencial parceiro internacional fazendo as malas e embarcando para destinos onde ocorrem feiras setoriais e outros eventos. “Não dá para prospectar negócios somente buscando no Google novas oportunidades, pois isso limita, não gera o olho no olho, relacionamento e conhecimento. Visitas a feiras internacionais proporcionam, além de uma visão diferente de mundo, confiança, compreensão do próprio negócio e do fornecedor”, assegura. 

Andreatta lembra de uma cliente chinesa que enfatizava que o relacionamento é mais importante que o dinheiro. “É verdade. As pessoas têm muito de si para dar aos outros, e temos muito para receber para as nossas vidas. Isso pode mudar não só a nossa vida, mas também o negócio. Com essa cliente, entendi que nem tudo é só oportunidade nos negócios. As conexões geram amizades que conectam pessoas que podem agregar”, observa.

O presidente fez sua primeira viagem internacional há dez anos. Foi para a Canton Fair, na China, a maior feira multissetorial da Ásia, de onde acaba de retornar – uma das novidades que despertaram atenção foi uma empresa de transporte rodoviário de cargas e armazenagem, com armazéns espalhados pelo Brasil. Para ele, ver a infinidade de expositores em um só local mostra que o mundo “não é tão grande assim” e que a distância é um detalhe que pode ser vencido, inclusive pelos pequenos negócios, com planejamento. 

“Pessoalmente, tenho paixão em proporcionar conhecimento principalmente ao pequeno empresário, aquele que ainda não tem muitos funcionários ou não tem recursos para contratar profissionais especializados para criação ou desenvolvimento da área de comércio exterior. A missão do Instituto Mercosul é justamente esta: divulgar e promover o comércio exterior e facilitar, por meio de missões empresariais, o contato dos empresários com fornecedores em outros lugares do mundo”. Uma nova viagem para a China está programada para outubro, e os interessados podem procurar o Instituto para compor o grupo. “Não deixe de pensar grande para o seu negócio”, finaliza.