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Há 75 anos planejando Maringá

Há 75 anos planejando Maringá

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Com registro do início dos anos 1970, o pátio de manobras ferroviárias aparece na base da imagem

Qual o motivo do sucesso de Maringá? Para responder a questão é fundamental ponderar que sucesso não está, exclusivamente, ligado ao crescimento demográfico, mas vincula-se também a índices que beneficiam a população, como infraestrutura urbana, plano paisagístico, serviços básicos e oferta de emprego. E pela perspectiva histórica proponho algumas reflexões. 

Maringá iniciou 2022 com quase mil vagas de emprego, o que trouxe otimismo à recuperação econômica que começa a ganhar força com o fim da pandemia. Mesmo com o conflito do leste europeu, os reflexos parecem não ter gerado impactos profundos na economia local. O município, entretanto, se preparou para essa recuperação quando contratou o Sebrae para desenvolver o seu Plano de Retomada. 


Registro da década de 1950. Em primeiro plano aparece o núcleo inicial da cidade, o Maringá Velho. Ao fundo, com moderno projeto urbano, o Maringá Novo

Esse aspecto de projetar cenários de longo prazo vem desde os primórdios, quando sequer éramos distrito. Entre 1943 e 1945 a Companhia de Terras Norte do Paraná – responsável pela ocupação imobiliária do norte e noroeste do estado - financiou a concepção de moderno projeto urbano para Maringá, que foi inspirado em modelos europeu. O autor, o urbanista Jorge de Macedo Vieira, traçou uma cidade que pudesse abrigar até 200 mil habitantes. 

A título de comparação, o censo de 1950 aferiu uma população com 38.588 pessoas. Seria apenas na década de 1980 que a capacidade máxima proposta por Vieira seria superada. 

Em outra perspectiva ainda podemos avaliar o Novo Centro, área com grande densidade demográfica e elevado número de construções. Mas esse espaço nem sempre foi assim. A partir de maio de 1947, essa região foi destinada ao transbordo ferroviário, que incluía pátio de manobras, galpões, colônia e estação. 

Na segunda metade da década de 1970 a área começou a ser discutida, ganhando repercussão a partir de 1985, quando a autarquia Urbamar foi criada com o objetivo de transferir a zona ferroviária, para não prejudicar o crescimento urbano nem provocar riscos às pessoas que ali transitavam. 

Após idas e vindas, contratação do escritório do arquiteto Oscar Niemeyer, mudanças de projeto, polêmicas, acordos e tensões, a área com um quilômetro teve suas obras concluídas em 2006. Entre as melhorias, destacam-se o rebaixamento de trilhos, o cabeamento subterrâneo e a transferência do pátio de manobras para a saída de Paiçandu. 

Agora uma nova fronteira se abre. Trata-se do moderno bairro Eurogarden, que vem sendo empreendido onde funcionou o antigo aeroporto. Se por um lado há a participação da iniciativa privada de forma decisiva, também temos em igual medida o envolvimento do poder público, que tem sido primordial para a entrega de equipamentos e serviços. 

E ainda há ações conjuntas que geram perspectivas favoráveis ao desenvolvimento. O município, por exemplo, encontra amparo na execução de ações junto ao plano socioeconômico do Materplan Metrópole Maringá 2047, produzido sob a liderança do Codem. Esse documento indica segmentos a serem potencializados até que a cidade chegue ao centenário. 

Planejar está no DNA de Maringá e, não à toa, somos consecutivamente eleitos a melhor cidade do Brasil para se viver e se investir. 

Fontes: Acervo Maringá Histórica / Museu Bacia do Paraná / Gerência de Patrimônio Histórico de Maringá 

Miguel Fernando Perez Silva é especialista em História e Sociedade do Brasil. É responsável pelo Maringá Histórica (www.maringahistorica.com.br)