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75 anos: da poeira e da lama à melhor cidade para viver

75 anos: da poeira e da lama à melhor cidade para viver

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O título de melhor cidade para se viver no Brasil – conquistado pela terceira vez no ano passado – não chega a ser surpresa para os moradores de Maringá. O Índice de Desafios da Gestão Municipal, elaborado pela consultoria Macroplan e que avalia as cem maiores cidades brasileiras, apenas ratifica o sentimento de quem mora aqui. O levantamento leva em conta 15 indicadores de educação, saúde, segurança e saneamento básico. A cidade que tem 100% da população atendida por esgoto e 99,99% dos moradores atendidos com água também se vangloria dos seus parques, praças e 41 quilômetros de ciclovia. Mas Maringá já está sob os holofotes há muito tempo. É antiga a fama de cidade planejada e pujante. E a fórmula é uma combinação da eficiência administrativa, condições geográficas e união entre o público e o privado. 

Para morar e investir


Priscila Gonçalves da Silva fechou uma clínica odontológica em São João do Ivaí para abrir uma franquia em Maringá

Não à toa Maringá continua sendo um lugar cobiçado para morar e investir. Voltar à Cidade Canção já estava nos planos de Priscila Gonçalves da Silva e se concretizou no final de 2021. Ela tem familiares na cidade e cursou Odontologia em uma faculdade local, mas depois de formada abriu consultório em São João do Ivaí. 

“A família da minha mãe é daqui, mas por causa do trabalho do meu pai vivíamos mudando de cidade. Quando me formei, em 2003, voltei para São João. Mas meu pai sempre dizia que queria voltar para Maringá para perto da família. Também sempre quis vir para cá pensando no suporte médico e educacional que a cidade oferece, além de ser apaixonada por Maringá”, conta. 

A mudança para a Cidade Canção ocorreu por incentivo do marido, Cleverton Frigueto Paz. Proprietário de uma empresa de licitações em Curitiba, ele sonhava com novo negócio mais perto de casa e convenceu Priscila a ‘abraçar’ o empreendedorismo. 

“Ele tem perfil empreendedor e queria ter uma loja. Surgiu a oportunidade de uma franquia no Shopping Catuaí e ele foi atrás. Mas a intenção sempre foi que eu gerenciasse a loja e ele continuaria na empresa de licitações”.

Priscila participou do processo promovido pela franqueadora da marca Maria Filó e desbancou dois casais concorrentes. Ela fechou o consultório em São João, mudou-se com a família para Maringá e gerencia a loja inaugurada em dezembro passado. “Tive um pouco de receio no início porque não tinha experiência em gestão de negócios. Mas tenho recebido importante respaldo da franqueadora e do shopping e estou confiante que a loja será um sucesso”, diz.

Hoje Priscila se dedica integralmente à loja. Porém, futuramente pretende retomar a carreira odontológica e para isso faz planos de voltar a estudar. “Quero fazer cursos e especializações, algo que Maringá me proporcionará com facilidade por ser um polo educacional”. 

Ela acredita que esses benefícios também se estendem à formação do filho de seis anos. Sobre a recepção dos maringaenses, Priscila é só elogios. “Sinto-me abraçada desde que cheguei. O calor humano é um diferencial do povo maringaense”, conclui. 

Orgulho de Maringá e da ACIM


Antes mesmo da assinatura do contrato social, a Sisa já era associada da ACIM e o sócio Claudio Mukai é conselheiro da entidade desde a década de 80

Para que Maringá fosse ‘erguida’, foram necessárias muitas mãos. Entre as construtoras que ajudaram a levantar a cidade está a Sisa Construções Civis, fundada em 1970. O nome da empresa é a junção das iniciais de um dos seus fundadores: o pioneiro Sincler Sambatti.

De início, as obras resumiam-se aos barracões e às cerealistas erguidos para armazenar riquezas agrícolas. Depois vieram as edificações industriais, residenciais, comerciais, hospitalares e cooperativistas. Hoje a construtora – que em 2010 foi incorporada ao grupo Nogaroli – emprega 50 colaboradores. 

Ao longo de 52 anos, a Sisa precisou se reinventar, e contou com uma importante parceira: a ACIM. Antes mesmo da assinatura do contrato social, em 18 de agosto de 1970, a Sisa já estava filiada à Associação Comercial. “A filiação ocorreu em 29 de julho de 1970 e jamais foi interrompida. É uma relação longínqua e próspera”, afirma o diretor Claudio Mukai, que entrou na Sisa em 1976 como estagiário e tornou-se sócio em 1982. Logo depois, passou a integrar o quadro de diretores da ACIM e segue até hoje como membro do Conselho Superior.

Entusiasta do associativismo, Mukai acredita que a troca de experiências e a união da classe empresarial, lideradas pela Associação Comercial, conduziram Maringá à condição de cidade pujante. Ele cita o Repensando Maringá como “pontapé crucial para o caminho do desenvolvimento. A Associação Comercial sempre foi atuante em prol do crescimento e desenvolvimento, e ao mesmo tempo na abertura do caminho e antecipação de tendências para novas empresas”.

Foi essa atuação coletiva que, na opinião de Mukai, criou e tem perpetuado em Maringá um cenário de investimentos e desenvolvimento – mesmo em tempos adversos – que permite o crescimento de setores, como a construção civil.

“A ACIM é um fórum permanente de discussão e engajamento que trabalha em prol do coletivo porque, afinal, todos ganham com o desenvolvimento da cidade. Por isso, sinto orgulho de fazer parte da associação e por meio dela e da Sisa ter colocado meu tijolinho na construção de Maringá”.

Planejando o centenário


José Carlos Barbieri, presidente do Codem: câmara de mobilidade será lançada neste ano se somando às 7 em funcionamento

‘Nascida’ da prancheta do urbanista Jorge Macedo Vieira, na década de 1940, Maringá figura entre as grandes experiências de planejamento urbano no Brasil. Planejada desde a sua fundação, a cidade passou e ainda passa por processos de reestruturação urbana.

Desde 2017 está em andamento o Masterplan, um amplo planejamento urbano, econômico e social para a Maringá de 2047, cujo trabalho teve a consultoria internacional da PwC e é acompanhado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem).

Com esse planejamento, o Codem e a Associação Comercial, por meio de técnicos e lideranças voluntárias, querem preparar Maringá para o primeiro centenário e alçá-la ao posto de melhor cidade do interior do país, oferecendo qualidade de vida e sendo referência em atividades econômicas de alto valor agregado.

“O Masterplan foi o idealizador e o angariador de fundos para a execução, bem como o guardião do Repensando Maringá 2047, quando a cidade completará 100 anos”, explica o presidente do Codem, José Carlos Barbieri, que é reitor da UniFCV. 

Para alcançar as metas, o Repensando Maringá 2047 foi dividido em câmaras técnicas setoriais, que são fóruns para o planejamento estratégico e o monitoramento sistemático de cada setor estratégico. Atualmente, o Codem conta com sete câmaras: saúde, educação, setor financeiro e de seguros, tecnologia da informação e comunicação, turismo e técnica smart. “Ainda em 2022 será lançada a câmara de mobilidade”, adianta Barbieri.

Além do Masterplan, o Codem tem atuado na promoção da educação financeira por meio do Movimento Prosperingá, que conta com dezenas de entidades parceiras, públicas e privadas. Existem projetos para levar o tema às escolas públicas e privadas da cidade, para disseminar boas práticas de educação financeira. 


Década a década


João Laércio Lopes Leal, do Patrimônio Histórico: “Maringá tem um segredo. Nunca depositou todos os ovos numa cesta. Sempre teve diversidade de atividades econômicas”

Boa parte da trajetória de Maringá está intimamente ligada à da ACIM, fundada em 1963 pela união de um grupo de empresários. Desde então, a entidade atua como protagonista do associativismo empresarial e encabeça movimentos que transformaram e conduziram Maringá ao longo dos 75 anos celebrados este ano, o jubileu de diamante. 

Ao mesmo tempo em que cobra justiça fiscal, a ACIM luta por obras estratégicas e atua como uma agência que fomenta projetos de desenvolvimento e em defesa de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis. “O desenvolvimento extraordinário de Maringá se deve à criatividade, coragem e trabalho dos empresários e trabalhadores, à união da sociedade civil e à seriedade da prefeitura e Câmara Municipal. Fizemos essa leitura em nossa gestão e temos trabalhado para fortalecer esse tripé e acelerar o crescimento do município e a qualidade de vida da população”, afirma o prefeito Ulisses Maia.

Com a ajuda de um historiador e pesquisas, a Revista ACIM traz um resumo dos principais acontecimentos em cada década, desde a fundação de Maringá: 

Década de 1940, o surgimento da cidade


Lançamento da pedra fundamental de Maringá, em 10 de novembro de 1942

Até o início da década de 1930, 70% da população se concentrava na costa litorânea brasileira. Essa disparidade de ocupação territorial motivou a ‘Marcha para o Oeste’, programa de desenvolvimento econômico e populacional do interior do país patrocinado pelo governo Getúlio Vargas.   

O arrojado plano de ocupação territorial foi colocado em prática em diversas regiões do país, entre elas o norte e noroeste do Paraná. Por aqui, a colonização coube à Companhia de Terras Norte do Paraná – mais tarde batizada de Companhia Melhoramentos do Paraná - que, utilizando-se de capital britânico, colocou em prática a ideia de criar uma cidade inspirada no modelo de cidade-jardim de Ebenezer Howard. 

Foi assim que nasceu Maringá em 10 de maio de 1947. No início, a ‘cidade’ se resumia a oito quadras, localizadas na região da atual Capela Santa Cruz, rodeadas por grandes propriedades rurais, de onde vinham as riquezas da época.   

“O extrativismo era forte, bem como a cafeicultura. Tanto que o primeiro prefeito de Maringá foi Inocente Villanova Júnior, dono de uma serraria, e o segundo Américo Dias, cerealista do café”, cita o historiador do Patrimônio Histórico Cultural de Maringá, João Laércio Lopes Leal.

A exploração de madeira e minério levou à abertura de serrarias e pedreiras. Olarias e cerealistas também proliferaram à época. 


Década de 1950, atraindo desbravadores


Avenida Brasil esquina com a Duque de Caxias nos anos 1950

Não demorou para que a ‘nova cidade’ atraísse desbravadores de diversas regiões do Brasil. “Vieram para cá nordestinos, paulistas, mineiros, gaúchos, todos em busca de oportunidades”, conta o historiador João Laércio.

No cenário nacional, a década foi marcada pelo auge da produção de café, fim do governo Vargas e ascensão do espírito desenvolvimentista de Juscelino Kubistchek. Espírito este que, por aqui, resultou no primeiro parque industrial na avenida Mauá, na Vila Operária. “Nos anos 40 havia agroindústrias artesanais, que processavam café e arroz, mas era pouca coisa. Nos anos 50 começaram a chegar as máquinas pesadas, com grande capacidade de processamento de produtos. Maringá chegou a ter 80 máquinas de café funcionando ao mesmo tempo”, diz o historiador. 

O campo, entretanto, não era a única aposta dos empreendedores. Houve quem investisse na indústria metalmecânica, até hoje referência no Brasil. Pelo menos 11 fábricas foram abertas naquela época para a produção de foices, enxadas, parafusos, entre outros. 

O comércio também se fortaleceu e diversificou. São dessa época as lojas Dias Martins, Alô Brasil, Casa Vila Real e Casa Moreira. 

“Maringá nunca depositou todos os ovos numa cesta. Sempre teve diversidade de atividades econômicas. Este é o motivo de Maringá nunca ter entrado em crise econômica porque um setor compensa outro que eventualmente entre em declínio”, pontua João Laércio.  

Outra particularidade da cidade é o associativismo. Maringá tinha apenas seis anos quando um grupo de empresários criou a Associação Comercial de Maringá, em 12 de abril de 1953. O primeiro presidente foi Américo Marques Dias. Instalada inicialmente em salas alugadas no Edifício João Tenório Cavalcante, na avenida XV de Novembro esquina com a avenida Duque de Caxias, a entidade lutou pela instalação de Agências de Telégrafos, Coletoria Federal, Copel, Banco do Brasil e Usina Diesel Elétrica que serviu como base para a formação da Copel. 

Década de 1960, grandes empresas


Sanbra se instalou no mesmo período que outras indústrias chegaram a Maringá

Na década de 1960 o Brasil passou por profundas transformações culturais, sociais e política com a ascensão dos militares ao poder, em 1964. Foi um período de grande desenvolvimento industrial, com a chegada de multinacionais ao país, como a Sanbra, que se instalou em Maringá. 

“Junto à Sanbra chegaram a Norpa, Neva, Anderson Clayton, uma quantidade gigantesca de agroindústrias tornando Maringá um polo nacional de processamento de produtos do campo”, recorda o historiador. 

Essa condição também foi impulsionada pelo surgimento da Cocamar, em 1963. “A Cocamar revolucionou Maringá. Os produtores deixaram de vender o café para os donos de máquinas processadoras e se tornam cooperados da cooperativa”, afirma João Laércio.

Ele destaca ainda os nascimentos da Usina Santa Terezinha – empresa que hoje lidera a geração de tributos no município – e da Recco. “Era a indústria têxtil surgindo”.  

Esses empreendimentos impulsionaram a geração de empregos. Muitos deles absorveram mão de obra de setores em declínio, como as serrarias que fechavam por escassez de matéria-prima. 

Paralelamente, a ACIM se fortaleceu em defesa da classe empresarial e de infraestrutura para a cidade, reivindicando melhorias em estradas e na rede de energia elétrica.  

A entidade foi a primeira associação do Paraná e a segunda do país a montar o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Foi nesta época que a ACIM ganhou sede própria, erguida em um terreno na avenida Herval.

No final da década, a cidade começou a esboçar sua vocação para o ensino. Em 1969, foi criada a Universidade Estadual de Maringá (UEM), a partir da união de quatro instituições estaduais de ensino superior. 


Década de 1970, do campo para a cidade


Cocamar na década de 1970

O Brasil foi tomado por uma onda de euforia no início da década de 1970, impulsionada pelo forte crescimento econômico. O período também é lembrado pelo êxodo rural. A geada negra do café, em 1975, e a mecanização das lavouras de soja e milho levaram milhares de famílias a trocar o campo pela cidade. 

Com mais gente na cidade, a ACIM defendeu a criação de parques industriais em Maringá. “Incentivou-se a criação de parques industriais fora do perímetro urbano, algo interessante para a organização da cidade e do setor”, ressalta o historiador. 

O comércio não ficou atrás, ampliando a atuação e diversificação. “Existe um casamento entre a indústria e o comércio em Maringá. Os dois crescem juntos, e isso é um diferencial importante”, destaca João Laércio. 

A década também foi importante para a área educacional. Escolas, cursinhos e faculdades privados foram abertos nos anos 70 com o intuito de reter jovens talentos e mão de obra qualificada. “Sem opção local, muitos pais mandavam os filhos estudar em Curitiba ou São Paulo, e eles acabavam não retornando. A partir daí, o pessoal começa a ficar aqui, criando um capital de inteligência, uma geração de intelectuais e empresários”, diz o historiador. 

Outro setor beneficiado pelo crescimento da cidade foi o da construção civil. Foi nesta época que foram erguidos os primeiros arranha-céus e surgiram os grandes cartões-postais da cidade, como o Parque do Ingá (1971) e a Catedral Basílica Nossa Senhora da Glória (concluída em 1972).

Década de 1980, anos dourados


Verticalização de Maringá na década de 1980 

Maringá iniciou a década de 1980 com 168 mil habitantes, e no final dela tinha 240 mil habitantes. “Foi um crescimento populacional recorde”, diz João Laércio. O boom transformou a cidade em um canteiro de obras. O número de prédios saltou de oito para 56 no intervalo de dez anos enquanto loteamentos proliferavam. Isso foi possível porque o prefeito Said Ferreira agilizou a liberação de alvarás. “A cidade foi ampliada e modernizada. Por isso considero a década de 1980 como a década dourada de Maringá”, diz o historiador.
A ocupação urbana suscitou debates. O foco era o Novo Centro, uma vasta área entre as avenidas São Paulo e Paraná, antes utilizada como pátio de manobra da rede ferroviária. A ACIM foi uma das apoiadoras do Projeto Ágora, concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que previa a construção de largas avenidas, praças públicas majestosas e amplo espaço de lazer. O projeto acabou abandonado por falta de recursos.
Por outro lado, a ACIM conseguiu benefícios à cidade, como a ampliação do número de vagões para escoamento ferroviário da produção agrícola, melhores financiamentos bancários, aumento do número de policiais e a instalação de um escritório da Junta Comercial, que agilizou a abertura de empresas. Entre os empreendimentos que iniciaram suas atividades nesta época estão a Unicesumar, GTFoods e a Coca-Cola Femsa. 
Enquanto Maringá crescia, o Brasil passava pelo processo de redemocratização e lutava contra a inflação. Protestos eclodiram pelo direito ao voto e contra os fracassados planos econômicos do presidente José Sarney. Em Maringá, uma manifestação encabeçada pela Associação Comercial fechou o comércio em 26 de fevereiro de 1987 e ganhou repercussão nacional. 


Década de 1990, tempo de restruturação

Os anos 90 começaram com turbulências políticas e financeiras no país. Em meio a um cenário de hiperinflação, o presidente recém-empossado Fernando Collor lançou o Plano Collor – marcado pela troca do cruzado-novo pelo cruzeiro e pelo confisco da poupança. O cenário de crise levou ao impeachment dele em 1992. 

Para ajudar o empresariado e a sociedade neste momento de grande instabilidade, a ACIM criou, em 1994, o Instituto para o Desenvolvimento Regional (IDR) com a missão de elaborar e implantar projetos de desenvolvimento para os municípios do noroeste do Paraná. No mesmo ano, ocorreu a implantação do Plano Real, que conseguiu, enfim, reduzir as taxas de inflação. Os altos juros, entretanto, imobilizaram o empresariado, causando estagnação na economia e desaceleração do crescimento.

Em 1996, a ACIM e a Coordenadoria Regional da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) articularam o Movimento Repensando Maringá, envolvendo mais de 80 líderes empresariais e representantes da sociedade. Foi deste movimento que nasceu o Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), criado por lei municipal, com a missão de propor e executar políticas de desenvolvimento econômico.

“O Repensando Maringá ocorreu em um momento interessante e crucial. Depois de uma década de crescimento espetacular nos anos 80, os empresários perceberam que a cidade estava caminhando para a estagnação e se uniram ao poder público para recolocar Maringá nos trilhos, e deu certo. Aliás, ao longo da história, essa aliança entre o público e privado sempre funcionou aqui”, avalia o historiador.

Outro feito da década é a criação do Sicoob Metropolitano. A ACIM foi a primeira associação comercial do sul do país a criar uma cooperativa de crédito para o setor empresarial.

Década de 2000, tecnologia e globalização

O avanço tecnológico e a globalização da economia trouxeram transformações significativas à sociedade e ao mercado corporativo no início dos anos 2000. O novo milênio lançou luz sobre debates sociais, ambientais e gestão empresarial transparente e ética.  

Em sintonia com os mais modernos conceitos, a ACIM implantou, em 2002, o Instituto de Responsabilidade Social de Maringá (Fundacim) e foi uma das incentivadoras da criação da ONG Sociedade Eticamente Responsável (SER), que deu origem, em 2006, ao Observatório Social de Maringá. 

A ACIM também abriu as portas para a Software By Maringá, criada para incentivar o desenvolvimento de empresas de tecnologia de informação. O setor foi um dos destaques da década. “Surgiu nesta época um arranjo produtivo de TI forte em Maringá e que hoje é referência no país. É um setor interessante porque é lucrativo, paga bem, gera empregos de qualidade e não polui”, enaltece João Laércio. 

Outros setores que registraram forte expansão foram os da educação e entretenimento. Maringá se consolidou como polo educativo com 15 instituições de ensino superior que, por sua vez, fomentaram a criação de escolas e cursinhos. 

Já a vida noturna ganhou novos ares com a proliferação de bares, restaurantes e casas noturnas. “A implantação de cursos de gastronomia na cidade ajudou a impulsionar o setor de alimentação”, explica o historiador. 


Década 2020, mais obras e inovação

Nos últimos anos a ACIM manteve o trabalho em prol do desenvolvimento da cidade. Entre as reivindicações defendidas pela entidade está a duplicação de 21 quilômetros da PR-317 entre Maringá e Iguaraçu. A obra de R$ 183,4 milhões, iniciada este ano, teve o projeto doado pela ACIM e foi custeado por empresários. 

O projeto Ágora, concebido na década de 80, foi rebatizado de Centro de Eventos Oscar Niemeyer e poderá sair do papel com apoio da Associação Comercial, que doou os projetos elétricos, de detectores de incêndio, climatização, exaustão e impermeabilização. Com 7 mil metros quadrados, será a segunda obra de Niemeyer no Paraná – a outra é o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. 

Outra bandeira da entidade é o incentivo à inovação, propagado por meio do Inovus, um ambiente instalado na sede em que os empreendedores podem testar e validar uma ideia com o acompanhamento de consultores. Já por meio da Escola de Negócios são ofertados cursos de gestão e operacionais para empreendedores e colaboradores.

Esse incentivo se traduz na abertura de negócios e surgimento de segmentos, tais como o cervejeiro. Na esteira de um mercado em ascensão, Maringá conta hoje com 16 fábricas de cervejas artesanais.  “O empresário maringaense é criativo e antenado com tendências, tais como a exploração de duas atividades em um mesmo negócio, como barbearias e bares”, cita o historiador.


A Revista ACIM agradece o Maringá Histórica pelas imagens

Capa produzida com base em tela de William Grande; segundo o artista, a tela exprime os valores ambientais por meio das árvores e o desenvolvimento urbano, além de dois ícones da cidade, a Catedral e a ACIM