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Natal atípico

Natal atípico

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Dezembro é o mês de maior faturamento do varejo , com lojas do comércio de rua abertas até mais tarde, decoração e programação natalina, shoppings lotados e uma corrida às compras de presente de última hora. Mas neste ano o cenário pode ser diferente.

Isso porque se até meados de novembro os índices de contaminação do coronavírus e de ocupação hospitalar como consequência da doença eram relativamente controlados, na segunda quinzena a situação se inverteu, com hospitais privados com alta taxa de ocupação, superior a 90%, e prontoatendimentos lotados. Como consequência, a prefeitura de Maringá determinou uma série de restrições comerciais, num decreto publicado em 30 de novembro.

Com isso, nos dois primeiros finais de semana de dezembro, os shoppings estarão fechados, comércio de rua, em vez de abrir até as 22 horas, passou a atender das 10 às 19 horas de segunda a sexta-feira e até as 13 horas no sábado – tradicionalmente as lojas abrem até as 18 horas em todos os sábados que antecedem o Natal. O decreto também proibiu a venda e consumo de bebidas alcoólicas após as 17 horas e aos finais de semana, entre outras medidas. 

E assim os comerciantes que esperavam um mês de boas vendas para ajudar a salvar o ano, terão um novo cenário até 13 de dezembro, quando vigora o decreto – até o fechamento desta edição o decreto estava em vigência.



Reinvenção

Com o ano atípico, os empreendedores tiveram que se reinventar, criando alternativas criativas e seguras para gerar negócios: vieram as lives, as videochamadas e até eventos complexos, tudo pela internet. O delivery ganhou força e os carros se tornaram aliados em eventos drive in e no drive thru. 

Na MG Tecidos e Malhas, empresa que está há três anos no mercado, a pandemia trouxe impactos profundos para a atividade, mas passado o primeiro momento em que o empresário Gabriel Toscano de Oliveira viu a inadimplência crescer e o faturamento despencar, o cenário que se desenhou em seguida foi inesperado e promissor. “No primeiro momento a venda de TNT e de tecidos para máscaras foi o que segurou ‘as pontas’, e depois mudamos o público da empresa. Nosso faturamento era 80% concentrado no atacado, mas em meio à pandemia, houve uma inversão, e hoje 80% das vendas vêm do varejo, que é mais lucrativo”. 

Com as pessoas passando mais tempo em casa, aumentou o desejo de investir em itens de decoração. Atento a essa tendência, ele passou a comercializar cortinas, almofadas, tapetes, produtos de cama, mesa e banho. A estratégia de vendas também precisou mudar para acompanhar os hábitos de consumo, e a empresa investe mais em comunicação digital, vendas online e está colhendo os resultados. 

Outra mudança foi melhorar a apresentação dos produtos, o que não era uma preocupação, já que as vendas estavam concentradas no atacado. “Não tínhamos nem vitrine, e este é o primeiro ano que fazemos decoração de Natal”, revela. Para o final de ano, o empresário segue otimista. Ele investiu em produtos temáticos de Natal e aumentou a equipe de vendas. “Há dois meses chegou um novo colaborador e agora são quatro vendedores”, diz. 


Novo empreendimento

A pandemia pode até ter adiado os planos, mas não fez Rodrigo Ferreira Netto desistir do próprio negócio. Depois de trabalhar por dez anos como representante comercial na área têxtil, ele inaugura em dezembro a primeira franquia da Lez a Lez em Maringá. A loja de roupas femininas ficará em um dos shoppings da cidade, com inauguração dias antes do Natal. “A intenção era ter aberto no começo do ano, mas com a pandemia decidimos adiar, agora vamos chegar em um momento de vendas aquecidas, por isso, as expectativas são as melhores”, diz.

A nova loja vai empregar oito pessoas, com previsão de retorno do investimento de aproximadamente seis meses. A sócia de Netto é Luciana De Francesco Izaguirre, cuja família tem outra operação no mesmo shopping. Eles acreditam que o empreendimento tem tudo a ver com o público que frequenta o local e, claro, apostam no fluxo de pessoas e nas atrações de Natal para aquecer as vendas. No shopping, há uma grande árvore, presépio, minicenários, Papai Noel digital e presentes para quem gastar mais de R$ 1 mil, ou seja, motivos de sobra para o consumidor ir às compras com segurança.


Sem aumento de estoque

A Saile Kids, loja de calçados e confecções para crianças, que faz parte do Grupo Pipiui, viu o faturamento cair entre 35 e 40% ao longo de 2020. O empresário Elias Pereira da Silva é taxativo: se pudesse, excluiria este ano do calendário. “As alternativas para driblar os efeitos da pandemia foram as vendas online e entregas em domicílio, mas com isso os custos aumentaram”, afirma. O empresário optou por não demitir, apenas fez a suspensão temporária de alguns contratos. 

Na loja, o clima de Natal chegou só na primeira semana de dezembro, quando foi montada a decoração. Também não há previsão de estoque extra, apenas a quantidade habitual. Em relação à contratação de funcionários, neste ano o cenário deve ser diferente de 2019, quando a loja contratou três novas vendedoras. “Para este ano não deveremos reforçar a equipe”, afirma. 


Intenções de compra

Uma pesquisa realizada pela ACIM aponta que 57% dos maringaenses pretendem comprar presentes de Natal, 24% não sabiam e 19% afirmaram que não devem comprar. Em relação à data, 36% disseram que vão comprar somente na semana do Natal, 32% aproveitaram a Black Friday para antecipar e o restante deve comprar na primeira semana de dezembro, no último final de semana antes do Natal ou não sabem. 

A pesquisa apurou o local onde as pessoas devem buscar informações antes de fazer compras: 38% devem pesquisar na internet, o que ressalta a importância das empresas investirem em divulgações online. 

Entre os itens mais desejados, roupas, brinquedos e calçados lideram a lista, que tem ainda perfumes, alimentos e bebidas, joias, acessórios, celulares, computadores e livros. Para 33% dos entrevistados, os gastos com presentes de Natal devem ser maiores do que no passado, 29% afirmaram que devem gastar menos e 22% devem gastar o mesmo.

Lojas físicas aparecem na liderança quando o assunto é o local das compras; 59% afirmaram que devem comprar os presentes presencialmente e 35%, pela internet. A pesquisa foi feita com 407 consumidores nas avenidas Brasil, Morangueira, Pedro Taques e Mandacaru. A margem erro é de 5% e o nível de confiança, 95%.