O número de lojas virtuais cresceu de 40% nos últimos 12 meses no Brasil, encerrado em agosto. Isso porque um ano antes o Brasil tinha 930 mil e-commerces ativos, número que saltou para 1,3 milhão em agosto, segundo estudo do PayPal e BigData Corp. O boom é reflexo da chegada da pandemia do novo coronavírus no país. Com lojas físicas fechadas ou horários de atendimento restritos, as micro e pequenas empresas migraram para o universo digital para manter as vendas.
Sem prateleiras, rótulos ou cardápios às mãos, o ‘segredo’ para vender em lojas virtuais é adotar estratégias para municiar o consumidor com informação. Da foto bem produzida à descrição completa dos produtos e promoções definidas, cada detalhe importa e precisa ser planejado.
Neste cenário, o casal de empresários Deborah Mariani e Arnaldo Mariani Junior, do Boteco do Neco, precisou se reinventar. “Antes da pandemia, estávamos em apenas um aplicativo de delivery, porque nossa proposta sempre foi vender entretenimento, com o cliente no restaurante. Com a pandemia, vimos a necessidade de montar uma estrutura diferente e buscamos outros aplicativos de delivery, cardápio online, redes sociais e WhatsApp”, explica Deborah.
Além de ampliar o atendimento, o Boteco do Neco lançou uma linha de hambúrgueres especialmente para a venda por delivery. “Eles foram criados partindo da releitura dos bolinhos do Neco e dos pratos que servimos no restaurante”, conta.
Os empresários, que sempre prezaram pela boa divulgação dos produtos no ambiente online, contrataram um profissional para fazer as fotos dos lançamentos. “A comida, o prato, a gastronomia em si funcionam como um lançamento de coleção de roupa. Achamos de grande importância fotos elaboradas e criativas para alcançarmos resultados de dar água na boca. Isso exige planejamento, horas de sessão entre preparo, arrumar estúdio dentro do próprio restaurante, luz, entre outros”, frisa Deborah.
Além das fotos produzidas, o restaurante preocupou-se em detalhar cada um prato nas plataformas digitais, com os ingredientes, gramatura, complementos e outras informações.
Estratégias
Antes de comprar o produto por meio de uma loja virtual, o consumidor compra informação: a foto, a descrição, as medidas, os comentários e avaliações de outros clientes. De acordo com Marcelo Ribeiro Goraieb, presidente do E-Núcleo e fundador da Ui! Gafas, muito além da quantidade da informação disponibilizada nas plataformas digitais, as empresas devem se preocupar com a qualidade. “Dependendo do conteúdo, o excesso de informação pode, inclusive, deixar o cliente confuso. É melhor ter até menos informação, mas com uma qualidade melhor para ajudar o cliente na decisão”, reforça.
Na falta do contato humano, lojas virtuais exigem estratégias de aproximação com o consumidor. “É necessário mais do que simplesmente deixar o site sem nenhum tipo de contato. O atendimento deve ser rápido, interessante e bem-feito, com um profissional treinado, que conheça os produtos. É interessante que esse profissional esteja ali prioritariamente para o atendimento, para que a informação chegue ao cliente o quanto antes e da forma mais acolhedora possível. Hoje o WhatsApp é uma das melhores ferramentas para fazer esse atendimento, e temos também e-mail, chat online e redes sociais”, reforça Goraieb.
A Ui! Gafas, marca de óculos, é uma loja exclusivamente virtual. No site, os consumidores podem escolher a armação do óculos e enviar a foto da receita do oftalmologista, assim o produto é entregue pronto na casa do cliente, em qualquer lugar do Brasil. Além disso, a empresa conta com consultores que podem ajudar na escolha do produto. “Os consultores ajudam, inclusive, com prova online a partir de fotos para ver se o óculo fica bom no rosto. Sabemos que muitas vezes é interessante provar, então usamos a tecnologia para esse fim. Temos técnicas que fazem medidas de proporção e designers que fazem esse encaixe do óculos no rosto, o que ajuda bastante na escolha do produto”, detalha o fundador da marca.
Para Goraieb, o comércio eletrônico tem se tornado mais desafiador e competitivo, já que muitas empresas estão migrando para o meio digital devido à pandemia da Covid-19. “O e-commerce precisa ser estudado e pensado. É interessante que o empresário tenha um bom plano, os investimentos sejam medidos e direcionados para que o consumidor não tenha uma experiência ruim. É necessário se adequar, treinar, aprender a lidar com essas ferramentas e se adaptar a elas”, frisa.
Maringá Liquida
Neste ano, além da tradicional compra de rua, a Maringá Liquida oferece às empresas participantes, principalmente aos pequenos negócios, a oportunidade de iniciar vendas no mercado online e vender para todo o Brasil. Ao aderir à campanha, os empresários automaticamente ganham uma loja online, com tudo incluso, e o melhor: a plataforma ficará disponível por tempo indeterminado, mesmo após o final da campanha.
De acordo com o especialista em Marketing e Comunicação, Michel Leal, da agência Nova Inteligência, responsável pelo desenvolvimento da plataforma, os participantes da Maringá Liquida economizarão com essa estratégia. A implantação de um e-commerce pode variar de R$ 3 mil a R$ 30 mil, dependendo da quantidade de produtos, recursos, quantidade de gateways de pagamento etc. Quanto mais ferramentas tiver, mais caro. Fora esse valor inicial, tem custo de serviços, hospedagem, manutenção e outros, que pode ser a partir de R$ 150 por mês. “Os participantes da Maringá Liquida não terão essas despesas, pois além de termos um grande servidor brasileiro como parceiro, seremos responsáveis pelo suporte e auxílio para que o cliente tenha uma boa experiência em sua primeira loja online”, reforça.
A plataforma online oferece cadastro de até 75 produtos por loja, até 10 mil visualizações por mês, cupom de desconto, WhatsApp, integração com os Correios, layouts responsivos, sistema ‘avise-me quando chegar’, cadastro de newsletter, rastreamento do pedido, entre outros. Além disso, o e-commerce oferece vantagens, como funcionamento 24 horas, maior flexibilidade e agilidade, diversidade nas formas de divulgação, alcance maior de consumidores, integração com redes sociais, grande quantidade de canais de atendimento, facilidade no monitoramento de desempenho etc.
“O e-commerce oferece um ambiente de análise de resultados em tempo real, ou seja, o empresário acompanha os produtos mais acessados e comprados. Tudo passa a ser automatizado. Com funcionamento 24 horas, o consumidor pode comprar na hora que bem entender, e não se limita aos horários do comércio convencional. Além disso, você perde a barreira física, porque pode vender para todo o Brasil”, frisa Leal.
Com tantas funcionalidades e facilidades, o e-commerce pode ajudar muitas empresas a sair de crise trazida pela pandemia. “As lojas físicas sempre existirão, mas serão mais conceituais. Cada vez mais pessoas estão usando dispositivos eletrônicos e se sentindo confortáveis em realizar compras online. É um mercado que só tem crescido, e não vai entrar numa curva de estagnação tão cedo”, finaliza o especialista.
A Maringá Liquida será realizada de 8 a 12 de setembro.