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Luz, câmera, ação

Luz, câmera, ação

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Estar ao vivo e falar diretamente com o público é uma forte tendência, e para ser mais assertivo, especialistas dão dicas de iluminação, enquadramento, ambientação e de como conduzir uma live

Logo nas primeiras semanas da pandemia as lives começaram a se popularizar: artistas usaram esse canal para entreter quem estava cumprindo a recomendação de permanecer em casa, empresas se comunicaram com clientes, especialistas deram dicas sobre como fazer exercícios em casa, prevenir doenças mentais, como vender pela internet, entre tantos outros conteúdos.

Mas para ser assertivo na comunicação e gerar engajamento, não basta ‘ligar a câmera’ do celular e começar a falar. Alguns detalhes são importantes e vão definir o desempenho da transmissão.

De acordo com a jornalista e digital influencer Fernanda Sordi, o primeiro passo para realizar uma live é escolher a plataforma para a transmissão, o que depende, principalmente, do conteúdo e linguagem que serão abordados. “Para bate-papos, assuntos mais leves, dicas, lives musicais e interação com o público, as ferramentas mais indicadas são Facebook e Instagram. Também é possível usar o Youtube, mas para isso, é preciso ter no mínimo mil inscritos”, diz.

Já no caso de assuntos mais sérios como os empresariais, uma dica é usar o Google Meet ou o Zoom. “São plataformas fáceis de usar, que podem ser baixadas no celular. Para quem vai comandar a live, basta enviar o link para as pessoas participarem”, explica.

Escolhida a plataforma, é hora dos preparativos e cuidados para que tudo saia conforme o planejado, sem deixar a naturalidade de lado. Uma dica da influenciadora para quem não tem muita experiência é criar um roteiro com os principais tópicos e caprichar na divulgação. “É importante preparar um layout bacana para divulgar nos stories, feed e enviar no WhatsApp, de preferência com uma semana de antecedência, e ainda reforçar o convite, nas redes sociais, pelo menos meia hora antes de começar”, diz.

Antes de iniciar a transmissão, é necessário recarregar o celular para ter bateria suficiente até o final. Além disso, é preciso atenção com o posicionamento do aparelho, para garantir o enquadramento adequado. O celular precisa estar apoiado em um local estável e seguro, e por isso um tripé pode ser um bom investimento. “Existem várias opções de tripé de mesa e de chão, e eles não são tão caros”, indica Fernanda.

ENQUADRAMENTO

O plano médio, ou seja, do umbigo para cima, é o enquadramento ideal para a realização de lives. Se a proposta for trazer um conteúdo descontraído, há outras opções, como gravar sentado no sofá. O enquadramento também varia com a plataforma utilizada. No Facebook e Instagram, a posição é a vertical, já no Youtube, Google Meet e Zoom, na horizontal.

Fernanda lembra que o ideal é iniciar a transmissão com cinco minutos de antecedência, para formar público antes da explanação do conteúdo. “É bacana se apresentar: dizer seu nome, profissão, motivo da live, e apresentar o convidado, se tiver. Como algumas pessoas chegam no meio da transmissão, de vez em quando é interessante lembrar o assunto”, reforça.

É bacana se apresentar: dizer seu nome, profissão, motivo da live, e apresentar o convidado, se tiver. E de vez em quando é interessante lembrar o assunto - Fernanda Sordi

Outro fator essencial é a interação com o público que envia comentários. “Também é possível baixar e salvar a live no celular ou computador. Se não der tempo de responder os comentários, você pode acessá-los e interagir depois. Isso é importante para fidelizar os seguidores”, acrescenta.


CENÁRIO, ILUMINAÇÃO E ACÚSTICA

Na escolha do espaço, a arquiteta e urbanista Fernanda Yamamoto explica que não há uma regra, afinal cada ambiente representa um estilo, cultura e forma de ver o mundo, mas é importante que o espaço transmita a essência de quem está à frente da live. “Isso é possível por meio das paletas de cores, objetos, jogo de luz e sombra, e a forma com que a pessoa se expressa e até se veste. Esses elementos são complementos que ajudam a engrandecer a proposta da live e, consequentemente, as percepções sensoriais do público”, diz. 

Ela recomenda evitar espaços onde a internet apresente oscilações, ou que haja muitos ruídos ou elementos que possam tirar o foco de quem está assistindo. Segundo Fernanda, a luz natural é sempre uma boa escolha, já que além de proporcionar benefícios psicológicos e fisiológicos, traz vivacidade para a live. Mas caso a opção seja pela iluminação artificial, a dica é usar lâmpadas neutras. “Para isso, uma alternativa com bom custo-benefício é o ring ligth, um equipamento de iluminação frontal, com lâmpada neutra que ajuda a reduzir as imperfeições da pele”, diz. Mas se a intenção é deixar o ambiente mais acolhedor e intimista, a luz amarela, em alguns pontos, é uma das indicações, além disso, existem outras técnicas que podem ser usadas: flat light (única fonte de luz direcionado para o rosto), paramount light (luz direcionada para o rosto, mas em um posicionamento mais alto), loop light (luz principal posicionada aproximadamente a 45º da câmera, gerando sombreamento em uma das faces), rembrandt light (a luz principal fica um pouco mais na lateral, dando a ideia de triângulo de luz no rosto, assim como o artista Rembrandt utilizava em suas pinturas) e slit light (luz principal está na lateral a 90º, criando mais sombreamento). 

Ambientes vazios normalmente produzem eco e às vezes basta fechar a porta ou a janela, instalar papéis de parede ou carpetes para reduzir os ruídos - Fernanda Yamamoto

Em relação à acústica, Fernanda lembra que ambientes vazios normalmente produzem eco e que outros espaços também podem apresentar ruídos, por isso, o primeiro passo, é analisar a origem do som e a forma como ele se propaga. “Em alguns casos, basta fechar a porta ou a janela. Em outros é preciso buscar recursos como papéis de parede, tecidos texturizados, painéis de MDF, placas acústicas e carpetes. Lembrando que esses elementos não isolam totalmente o ambiente, mas contribuem para uma melhor qualidade acústica”, explica.  

No entanto, se houver a possibilidade de reformar o espaço ou ainda de pensar nas transmissões durante a construção, a dica é conversar com o engenheiro ou o arquiteto para entender o sistema construtivo e a forma como será executado. “Para o isolamento acústico alguns materiais que podem ser utilizados são lãs de vidro, rocha, PET e piso vinílico, além de paredes mais espessas, levando em consideração o tipo de construção”, diz.

VIROU NEGÓCIO

Atento à nova realidade imposta pela pandemia, Everton Moreno, gerente da Kandyany Eventos, decidiu investir na produção de lives e eventos digitais. A empresa, que está há 35 anos no mercado, foi fortemente impactada pela suspensão dos eventos presenciais, por isso, precisou se adaptar, afinal, são mais de 120 eventos cancelados. 

“Mesmo sabendo que o desafio seria grande, resolvi colocar em prática, afinal, essa nova modalidade de evento vai fazer parte do nosso dia a dia”, diz. A empresa, que trabalha com equipamentos de sonorização, iluminação, projeção, painéis de LED, palco, captação de áudio e vídeo, já estava incluindo processos virtuais nos eventos, mas agora passou a oferecer duas estruturas completas preparadas para realizar eventos digitais, eventos híbridos e lives de música, teatro, dança e etc. 

“Uma das vantagens é que pela internet você consegue levar conteúdo, informação e entretenimento mesmo com as pessoas em casa, além disso, é possível inserir participantes de outras localidades, ao vivo, com um custo muito menor”.  

Por enquanto, o que Moreno enxerga como um desafio é a qualidade da internet. “Essa é uma questão que precisa ser melhorada, afinal, a internet é o combustível desse tipo de trabalho”, diz.